Alimentação e combustível representam 41% do orçamento dos brasileiros, diz pesquisa da Elo.
Gabrielle Ramos Venceslau
Os brasileiros destinam até 46% da renda doméstica para contas relacionadas à alimentação e combustível, segundo pesquisa sobre os Hábitos de Consumismo do Brasil, realizada pela Elo, empresa de tecnologia de pagamentos do país. Os dados são de 2020 até final de 2022, abrangendo mais de 43 milhões de cartões ativos da marca, em todos os estados do país.
A economista e educadora financeira, Letícia Bernadete, afirma que entender porque as pessoas gastam tanto com contas de alimentação e combustível é simples, pois são itens necessários no dia a dia de todas as pessoas. “Temos o fato de que o preço dos alimentos também segue o preço do combustível, o que faz com que os dois gastos consumam boa parte da renda dos brasileiros.”
Por que isso acontece?
Desde 2016, quando a política de preços da Petrobras foi alterada, o Preço de Paridade de Importação (PPI) começou a ser utilizado para definir os reajustes da gasolina e do diesel. Assim, o preço dos combustíveis no Brasil deve variar de acordo com as cotações do petróleo e seus derivados nos principais mercados mundiais. “Então, sempre que há aumento do preço do petróleo nas negociações internacionais, logo percebemos a variação para cima nas refinarias e, na sequência, nas bombas, nos postos”, explica a economista.
No Brasil, quase 50% das residências têm um automóvel e 25% uma moto, segundo dados do IBGE. Isso mostra que o preço dos combustíveis impacta diretamente boa parte da população. “Hoje eu gasto muito mais com combustível do que com a própria alimentação. Já até mudei de gasolina para o álcool para reduzir os gastos com combustível”, compartilha Messias Santos, que se desloca de carro entre cidades para trabalhar.
Nesse sentido, tanto os alimentos quanto os combustíveis estão sujeitos a uma combinação de fatores internos e externos. “No caso dos alimentos, a alta dos preços pode estar relacionada à escassez, crises hídricas e ao aumento nos custos logísticos, influenciados, por sua vez, pelo encarecimento dos combustíveis”, expõe Amadeu Fonseca, economista.
Maior impacto na baixa renda
Os gastos essenciais de alimentação e combustível abrangem cerca de 41% do orçamento doméstico, para todas as faixas de renda. Já para os brasileiros de baixa renda, a margem sobe para 46%, e para as compras presenciais, atinge quase 98%. “Quem mais sofre com o aumento dos preços desses dois produtos são o público de menor renda, pois os gastos com os mesmos representam um grande percentual na renda, e quanto maior for esse percentual, mais impacto o público sofre”, destaca Letícia.
Entre os com mais poder aquisitivo, esses itens têm peso de 26% no orçamento, de acordo com dados da Elo. “A população de renda mais elevada tende a sofrer menos com os impactos da inflação, uma vez que a redução no poder de compra não é tão acentuada como na parcela de menor renda. Além disso, aqueles com maior renda têm a capacidade de proteger seu patrimônio por meio de investimentos, o que ameniza ainda mais os efeitos negativos da inflação”, exemplifica Amadeu.
Como economizar
Segundo os economistas, os gastos com alimentação e combustível são difíceis de serem reduzidos, por serem essenciais. Mas algumas práticas podem auxiliar na economia desses itens, são eles:
- consumir alimentos da estação;
- evitar aquisições impulsivas;
- levar marmita para o trabalho e evitar gastos com restaurantes;
- usar transportes alternativos, como bicicletas e patinetes;
- evitar desperdícios de alimentos;
- dividir transporte com algum vizinho;
- fazer manutenções nos veículos para gastar menos combustível;
- optar por carros mais econômicos.