Milhões de jovens entre 18 e 29 anos não terminaram o Ensino Médio.
Késia Grigoletto
O censo escolar de 2023 revelou o menor número de alunos matriculados no Ensino Médio em 11 anos. Juntamente com essa pesquisa, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) também registrou o menor índice de discentes em 6 anos, com a queda de quase um milhão de pessoas desde 2018.
O IBGE realizou uma Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Contínua (PNAD) entre 2016-2023. Os dados mostram 8,8 milhões de jovens entre 18 e 29 anos que não terminaram o Ensino Médio e que estão fora de instituições de ensino. A evasão escolar desses alunos impacta diretamente a sociedade, principalmente o mercado de trabalho.
Principal causa da evasão escolar
O mestre em Linguística Aplicada pela Unicamp e professor de Língua Portuguesa e Inglesa, Edley Matos, acredita que o problema começa pela realidade social das famílias no Brasil. “Eu vejo que um dos grandes motivos, se não o principal da evasão, não é o estudante não ter se adaptado a escola ou coisa semelhante, eu acho que é mais uma necessidade familiar de uma renda extra”, explica.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE no ano de 2020, a principal causa para a evasão escolar de jovens a partir de 16 anos é a necessidade de trabalhar. As condições econômicas são relevantes no contexto educacional, pois dependendo da realidade social em que o indivíduo está inserido, o estudo é ou não uma possibilidade.
Diante desse cenário, o governo federal criou um programa para o Ensino Médio chamado “Pé-de-Meia”, no intuito de incentivar os alunos a frequentarem o ambiente escolar.
Solução governamental
O “Pé-de-Meia” pode ser definido como um projeto de incentivo financeiro-educacional, que visa fomentar e propiciar a continuidade e conclusão dos estudos pelos alunos inscritos no Ensino Médio do sistema público de educação.
O programa também pretende reduzir as desigualdades sociais entre os jovens que cursam o Ensino Médio e promover a inclusão através da educação e possibilitando a mobilidade social. O investimento anual será por volta de 7,1 bilhões de reais, que atenderão em torno de 2,5 milhões de estudantes, que ao concluírem o Ensino Médio nas instituições receberão o auxílio.
“O grande objetivo é garantir o auxílio financeiro para que esses jovens permaneçam na escola e não tenham que optar entre ter um prato de comida e estudar, porque essa é uma idade que os jovens chegam que, muitas vezes, precisam trabalhar para ajudar a família. Não é questão de escolha, de opção, é questão de necessidade”, disse o ministro Camilo Santana durante o momento da assinatura que instituia e regulamentava o projeto.
A importância da educação básica
O professor de História Felipe Júnio afirma que “a educação básica representa o princípio da jornada de vida de um cidadão. Além dos cálculos matemáticos, dos estudos científicos sobre os seres vivos, os experimentos químicos, biológicos e físicos, o conhecimento de mundo por meio da História, Geografia, Filosofia e Sociologia, o estudante vivencia uma análise de si mesmo, de suas limitações, potencialidades e assim pode se encontrar interna e externamente”.
O estudante do Ensino Médio, Henrique Kaibara tem uma percepção semelhante dessa fase de estudos. Ele pensa que a conclusão dessa fase possibilita uma visão crítica do mundo, e concede mais repertório nas áreas de história, geografia e ciências, permitindo o início de uma inserção no mundo acadêmico.