Helena Cardoso
Eu sempre gostei de clichês. Mas tem que ser clichezão mesmo, daqueles bem toscos, com reviravoltas esperadas e finais óbvios. Acho que é por isso que desde pequena sou fissurada em livros da Paula Pimenta e filmes de romance adolescente. A Priscila, personagem principal de “Minha vida fora de série”, já começa o livro com uma frase que define exatamente meu pensamento: “clichê? Sim. Mas eu tenho essa teoria de que, se é clichê, não tem como ser ruim. Clichê nada mais é do que uma coisa que já foi repetida várias e várias vezes. E por que alguém repetiria, voluntariamente, algo que não fosse bom?”.
Essa minha obsessão por clichês faz com que, assim que uma comédia romântica nova chegue na Netflix, eu esteja lá esperando com a minha pipoquinha, pronta pra assistir. É exatamente por isso que já comecei minha semana com um clichê recém-lançado na plataforma: “Como seria se…”. Esse filme consegue ser, ao mesmo tempo, extremamente clichê e nada clichê (vai ver foi por isso que só gostei mais ou menos).
A trama começa quando Natalie Bennett faz um teste de gravidez na noite que se forma na faculdade. Isso divide sua vida em duas realidades paralelas: a realidade que dá negativo e ela pode dar continuidade a todos os seus planos, e a realidade que dá positivo e ela precisa descobrir o que fazer em seguida. Não vou dar spoilers (por enquanto), mas o legal do filme é que são dois clichês acontecendo ao mesmo tempo. É como se colocassem duas comédias românticas em uma só.
Na primeira hipótese, que o teste dá negativo (agora sim vem spoiler!), Natalie vai para Los Angeles com sua melhor amiga, começa a trabalhar como assistente de sua ídola e namora o cara gato que conseguiu o emprego para ela. Já na segunda hipótese, que o teste dá positivo, ela se muda para a casa dos pais e se apaixona pelo pai de sua filha Rose, que foi seu melhor amigo durante toda a faculdade.
Porém, mesmo com esses dois clichês se desenrolando simultaneamente, o filme deixa de ser tão clichê assim porque você não sabe o que vai acontecer no final. A história acaba antes de mostrar o resultado do teste de gravidez. Mas o teste, que deu início a toda a trama, se torna só um detalhe. No decorrer do filme, você vai percebendo que o resultado não importa: o que importa é o que Natalie faz com isso. No fim das contas você entende que a mensagem que o filme quer passar é que seja com tudo saindo conforme o planejado ou com seus planos de pernas pro ar, a vida pode dar certo – ainda que com altos e baixos. Não importa que caminho você percorra, o importante é que vai chegar lá. Talvez não seja exatamente o futuro que você sonhou, mas pode ser bom mesmo assim.
Ah, e como diria a Fani do livro “Fazendo meu filme”: 3 estrelinhas.