O desequilíbrio fiscal que traz oportunidade para brasileiros e medo para argentinos.
Lucas Pazzaglini
A Argentina passa por uma crise econômica e política. A desvalorização do peso argentino diminui o poder de compra dos cidadãos e agrava a crise fiscal no país. Enquanto os argentinos sofrem com os altos preços, brasileiros têm aproveitado a oportunidade para viajar, ou mesmo, estudar fora.
Um peso argentino hoje equivale a R$0,037, o que representa uma alta desvalorização da moeda em detrimento do Real brasileiro. Por conta disso, um grande movimento de pessoas tem se deslocado do Brasil para o país de fronteira, de acordo com o economista, Igor Mundstock. “O aumento no fluxo de brasileiros visitando o país acontece porque a moeda argentina perdeu valor perante o real, dessa maneira o custo de vida de um brasileiro no país é menor”, explica.
Maria Clara Viegas pertence ao grupo de brasileiros que preferiu cursar medicina longe de casa por conta do retorno econômico. “A experiência de morar na Argentina, mesmo com a crise econômica, tem sido muito boa. Como a nossa moeda é mais valorizada que o peso, nós conseguimos pagar menos em questões como o aluguel, em relação a alguém que ganhe em pesos”, explica a estudante.
História da crise
Segundo o artigo do Brasil Paralelo, A Queda da Argentina, o país já foi um um gigante econômico, mas hoje tem a segunda pior economia da América Latina, atrás apenas da Venezuela.
Para o artigo, a instabilidade econômica argentina começou com a Grande Depressão nos Estados Unidos, o que influenciou na queda de exportações, seguida por governos ditatoriais com políticas economicamente protecionistas, com o objetivo de tornar a Argentina autossuficiente.
O plano não deu certo e o país gerou dívidas que o governo teve que assumir. Para fazer isso, imprimia mais dinheiro e gastava desmedidamente. As medidas populistas para aumentar os salários elevaram a inflação de preços, que chegou a 800% ao ano.
Impactos da crise
Hoje a pobreza na Argentina cresce, afetando uma parcela da população. Mundstock percebe essa realidade como uma falta de interesse do governo em investir em políticas econômicas sérias. “A desvalorização do peso argentino é um reflexo da desaceleração econômica do país, da inflação descontrolada, da dolarização de parte da economia e de políticas monetárias incoerentes com o cenário econômico”, afirma o economista.
Com o governo do país também em um estado de crise é difícil esperar por uma melhoria. A ascensão de Alberto Fernández e Cristina Kirchner ao poder, como presidente e vice, apenas gera mais discussões. Segundo o Poder 360, os dois já discordaram publicamente de saídas para resolver os problemas econômicos.
Enquanto não é tomada uma posição, a inflação segue aumentando. “Cada semana aqui o preço das coisas varia por conta da inflação que sobe descontroladamente”, comenta Maria Viegas. A estudante ressalta a indecisão política como um agravante. “Quando o Ministro da Economia saiu tudo piorou. O dólar aumentou, então as coisas aumentaram bastante por aqui”, relembra.
Devido à situação extrema, diversos grupos de oposição ao governo têm realizado protestos em favor de uma melhora, mas ainda não receberam nenhuma resposta que possa resolver o problema do país.