Existem diversos motivos que levam os casais a tomar essa decisão.
Bruno Sousa
Um dos questionamentos que se faz presente na vida dos casais é a questão de ter ou não filhos. Um estudo publicado recentemente divulgou que cerca de 45% das mulheres não sabem ou não pretendem ter filhos. Essa escolha está concentrada, em maior parte, na faixa dos 25 aos 29 anos, em que 23% das entrevistadas disseram que não pretendem ser mães.
Polêmica
Um movimento chamado Childfree (livres de crianças), que surgiu nos Estados Unidos no ano de 1976, defendia a ideia de que ter filhos é uma escolha e não uma obrigação. Voltado principalmente para mulheres que se sentem pressionadas a ter filhos, o grupo se espalhou e chegou a diversos lugares do mundo.
Recentemente, o movimento se tornou radical e se converteu a um grupo de pessoas que não querem contato com os filhos dos outros em lugares públicos. Com essa proporção, o desejo de não ter filhos pode estar ligado a movimentos feministas e a preocupação ambiental, eles acreditam que com a diminuição da humanidade, o impacto no planeta será sentido.
O que influencia essa decisão?
Quando o assunto de não ter filhos é discutido entre um casal, as decisões são diversas e bastante particulares. A psicóloga Anna Flavia explica que “entre os motivos mais comentados, costumam estar o desejo em manter sua liberdade, o foco na realização profissional e objetivos pessoais”. Outras questões também são apontadas, como problemas relacionados à infância e criação de uma criança e o planejamento financeiro a longo prazo.
Com esse crescimento de casais optando por essa escolha, desavenças podem ser causadas. Mas, Anna Flavia comenta que quando a decisão em que ambos estão de acordo, os riscos e prejuízos costumam ser baixos. “Isso porque é comum que exista um foco maior na vida conjugal, nos interesses em comum e nos projetos de vida,” observa a psicóloga.
Nossa escolha
O casal Mircéa e Moacir tomaram a decisão de não terem filhos. Eles já estão há oito anos casados e comentam quais são os motivos que levaram à essa alternativa. “Optamos por esse caminho devido alguns fatores, entre eles o peso da responsabilidade da educação de uma criança no mundo atual, as restrições à vida que a criação de uma criança impõe, falta de desejo”, explicam. Além disso, ele acrescenta que para encarar os desafios que uma criança traz é necessário ter muita convicção de querer isso.
Para o casal, existem pontos positivos nessa escolha. “É reconfortante não ter o peso dessa responsabilidade. Além disso, a vida conjugal e social do casal é mais leve, possibilitando a realização de outros planos pessoais,” enfatizam. De acordo com eles, o filho mudaria praticamente tudo na vida dos cônjuges, desde o planejamento orçamentário até a rotina diária de trabalho, estudo e lazer.
O futuro da humanidade
Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo desde a década de 1970. Esse índice se refere a uma estimativa do número de filhos que uma mulher terá ao longo da vida. Em 1990 a taxa era de 2,9 filhos por mulher, ao longo dos anos diminuiu e até 2034 a estimativa é de queda pelos próximos 30 anos.
Se olharmos para o passado, ter filhos era mais fácil pelo estilo de vida presente e condições que cada família se encaixava. Atualmente, essa realidade mudou ,e se continuar nessa fase, como as estatísticas apontam, qual será o futuro da humanidade?
O historiador Alan Gracioto comenta que “isso se dá pela visão contemporânea da individualidade, não se tem aquela preocupação de levar adiante o nome da família, como existia no passado. Isso pode gerar um impacto na economia, porque se não tem mão de obra, não tem recursos”, conclui.