Após flexibilização e diminuição de demanda, empresas de grande porte decidem suspender fabricação de máscaras em solo brasileiro, gerando ainda mais dúvidas na população.
Hellen de Freitas
Após a diminuição de casos de COVID-19, estados como Rio de Janeiro e São Paulo, passaram a liberar o uso de máscaras em espaços abertos e fechados, abrindo assim a opção para empresas como a Lupo, maior fabricante nacional, interromperem suas produções do item que foi essencial na pandemia. No período de abril de 2020 até setembro de 2021, setenta milhões de máscaras foram vendidas, entretanto, a empresa que até então era uma referência, decidiu encerrar as confecções devido a diminuição na procura das máscaras.
A decisão de suspensão não foi exclusividade da Lupo. A Fiber Knit, empresa responsável pelas máscaras oficiais da equipe olímpica do Brasil, está parada desde fevereiro deste ano devido a diminuição de solicitações do produto em novembro, que apesar de se elevar com o surgimento da variante ômicron, voltou a despencar.
Apesar da flexibilização nacional quanto ao uso de máscaras, muitos brasileiros ainda optam pelo uso constante. Márcio Pereira prefere a utilização da máscara e acredita que deve ser levada com seriedade, pois foi a orientação dada pela OMS e infectologistas. ‘’Desde o início da pandemia várias pessoas optaram pela ignorância científica e política. O governo brasileiro foi um dos grandes responsáveis pelo atraso nas medidas de prevenção e vacina da população, hoje acredito que estejam deixando de usar porque se sentem endossados pelas autoridades’’, afirma o analista de rede.
A pandemia acabou?
Opiniões divergentes sobre o uso de máscaras são recorrentes e cada cidadão tem seu conceito formado. Alguns acreditam que é uma ideia prematura e outros evidenciam o alívio de não ser uma obrigatoriedade, contudo, deve-se levar em consideração a opinião de um profissional atuante na área da saúde.
Fernanda Guioti Puga, médica infectologista, declara a importância de manter o uso da máscara mesmo após mudanças de quadros consideráveis no país. “A minha opinião sobre este assunto está em concordância com as recomendações da Sociedade Brasileira de Infectologia, que preconiza o uso de máscaras para proteção individual”, explica.
Segundo Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, Organização Mundial de Saúde, a pandemia está longe de acabar mesmo com a queda de mortes e infecções. A OMS inclusive observou um crescimento do vírus no Pacífico Ocidental. Tedros ainda ressalta em conferência de imprensa que “o vírus continua evoluindo e continuamos enfrentando grandes obstáculos para levar vacinas, testes e tratamentos onde quer que sejam necessários.”
De acordo com Vanessa Santos, infectologista, a pandemia não chegou ao seu fim e os cuidados devem continuar os mesmos. “O vírus SARS-CoV-2 ainda continua circulando entre a nossa população. As pessoas continuam se infectando e tendo quadros mais leves graças ao efeito das vacinas, mas ainda não conseguimos chegar a um nível de endemia, como é o caso da gripe”, declara.
Vanessa ainda ressalta a vacinação como a grande conquista de 2021 e a importância de tomar todas as doses, inclusive o reforço para quem já possui indicação.
Futuro do país
Apesar da pressão por parte do presidente Jair Bolsonaro em oficializar o fim da pandemia no Brasil, o Ministério da Saúde tomou outra direção. “Eu tenho a caneta, mas tenho que usar de maneira apropriada. O presidente pediu prudência. Estamos procurando harmonizar as medidas que já estão sendo tomadas por estados e municípios […] Não pode ser interrompida nenhuma política pública que seja importante e fundamental ao combate da covid-19”, disse o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, em declaração feita no dia 30 de março em Brasília.
Especialistas afirmam uma possível melhora se o país manter as medidas preventivas e vacinar a população. O intuito é diminuir a transmissibilidade até o ponto onde a COVID se tornará uma doença endêmica, organizando o país e reparando os agravos ocasionados pela pandemia.