O termo disparou em pesquisas após o pronunciamento do IML em relação a queda do avião da voepass
Yasmim Larissa
O Instituto Médico Legal (IML) concluiu, após perícia, que entre os fatores que contribuíram para as mortes das vítimas do acidente com o avião da Voepass, em Vinhedo (SP), está o politraumatismo. Segundo o portal Tua Saúde, o termo remete a múltiplas lesões corporais graves em diferentes partes do corpo, provocadas por forças externas como impactos ou queimaduras, podendo acometer órgãos vitais e, em casos extremos, levando a óbito.
Após o IML divulgar a causa do trágico acidente que ceifou 62 vidas, o termo “politraumatismo” obteve um pico de popularidade de buscas no Brasil, segundo a ferramenta Google Trends. O termo se popularizou não apenas entre profissionais da saúde, mas também entre a população em geral, que procurava entender melhor as consequências do incidente e os detalhes que levaram a essa triste fatalidade.
Uma causa comum
A ortopedista e traumatologista Amanda Progenio, conta que constantemente faz tratamentos de fraturas de politrauma, fraturas graves e articulares, especialmente nos plantões de emergência. “Não é de hoje que há um aumento no número de politraumas. Muito se deve ao fato de que os acidentes de alta energia e acidentes de trânsito têm sido cada vez mais comuns”, explica a doutora.
Apesar do impacto na mídia sobre as vítimas de politraumatismo no acidente de avião, o trânsito é considerado a principal causa dessas lesões na população. Em um levantamento realizado em 2013 pelo ministério da saúde, os traumas múltiplos se encontravam na 3º posição das condições mais frequentes de hospitalização por acidentes automobilísticos.
Em 2023, o ator Kayky Brito teve politrauma corporal e traumatismo craniano depois de ser atropelado por um carro no Rio de Janeiro. Seu tratamento constituiu em um mês de internação e recuperação em casa com sessões de fisioterapia. Outro caso de politraumatismo que movimentou a mídia foi o da cantora de música sertaneja Marília Mendonça em 2021, durante queda de avião que também matou outras 4 pessoas.
Tratamento
De acordo com a Dra. Amanda Progenio, o atendimento a um politraumatizado é feito de acordo com as diretrizes do Advanced Trauma Life Support (ATLS), um conjunto de regras de como lidar com pacientes que sofreram trauma físico agudo. “De maneira geral, “é a ordem” que vai matar primeiro. Então, primeiro você vai ver as vias aéreas, depois a circulação, respiração, o neurológico e as extremidades, o conhecido “ABCDE”, comenta a traumatologista.
O protocolo ABCDE consiste em:
A (vias aéreas ou airways): desobstrução das vias aéreas;
B (respiração ou breathing): avaliação da respiração, identificação e tratamento de lesões no tórax, como pneumotórax. Se necessário é oferecido oxigênio;
C (circulação ou circulation): verificação da circulação e de traumas no abdômen, hemorragia externa, fratura de bacia entre outros.
D (nível de consciência ou disability): verificacação do nível de consciência da pessoa através da escala de Glasgow.
E (exposição e ambiente ou exposure/environmental): aqui a roupa da pessoa é retirada para realização do exame físico.
Com a finalização da avaliação, a vítima é atendida por uma equipe com ortopedistas, cirurgiões gerais, neurocirurgiões, anestesistas, médico intensivistas, cardiologistas, enfermeiros e fisioterapeutas, podendo ser encaminhada para acompanhamento constante com algum desses especialistas.
Para determinar se é um politrauma, o paciente precisa ter tido uma lesão em pelo menos duas ou três grandes regiões. A doutora Amanda ressalta que a equipe hospitalar precisa estar preparada para conseguir salvar esse paciente e deseja que “que todos os profissionais da saúde tenham o conhecimento desse manejo do ATLS para termos bons resultados”.
