O exame identifica a presença de biomarcadores relacionados ao diagnóstico. A nova modalidade já está disponível nos laboratórios do Brasil.
Sâmilla Oliveira
O novo exame de sangue contribui para o diagnóstico do Alzheimer e serve como alternativa para métodos mais invasivos e mais caros. O exame é feito com a tecnologia de espectrometria de massas, uma técnica laboratorial capaz de detectar pequenas concentrações do principal biomarcador do Alzheimer. A rede de medicina diagnóstica DASA têm sido um apoio para os laboratórios brasileiros e responsável pela chegada da inovação no Brasil.
Em comunicado, Gustavo Campana, diretor médico da rede, afirma que o teste é indicado para pessoas com suspeita de demência ou com comprometimento cognitivo leve.
“A DASA tem como princípio a busca contínua por técnicas de coletas inovadoras e não invasivas que garantam mais comodidade às pessoas e contribuam para uma medicina preditiva, preventiva e personalizada. Dados do Ministério da Saúde de 2020 apontam que cerca de 1,2 milhão de brasileiros têm Alzheimer, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. E sabemos que o diagnóstico precoce possibilita desacelerar a progressão da doença e garante mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família”, declara.
Para a biomédica Evely Menezes, analista clínica no Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), o novo método demanda menor tempo na realização do exame e isso promove um tratamento mais rápido e mais eficaz. “O exame é feito através de uma pequena amostra de sangue que identifica a proteína beta amilóide. Ela se encontra na membrana gordurosa dos neurônios, envolvendo as células nervosas que são quimicamente pegajosas. Quando elas se juntam, formam pequenas placas nocivas que bloqueiam o processo de sinalização entre as células da sinapse”, destaca.
Já para o doutor Pablo Canalis, médico psiquiatra, o objetivo do exame é tentar trazer alguma informação prévia de maneira simples com o exame de sangue, sem precisar de métodos mais invasivos ou exames de imagens, que são mais caros. “É bom trabalhar com métodos não invasivos. Só que a gente não pode prometer e criar falsas expectativas nos pacientes e na população.” Para ele, isso apenas cria um movimento econômico que pode causar certa ansiedade e angústia para diagnosticar uma doença que talvez não exista.
Processo menos agressivo
Até então, o diagnóstico era feito através de exames mais invasivos, como a punção lombar (inserção de uma agulha entre duas vértebras da região inferior das costas). “A nova alternativa proporciona um processo menos agressivo com relação a submeter o paciente a exames mais complicados como a punção lombar ou exames radiológicos com exposição à radiação. Isso promove confiança e comodidade para o paciente”, salienta a biomédica.
Apesar dos avanços da ciência, o novo exame ainda não resolve todos os problemas de quem precisa do diagnóstico. “O problema é que não é possível diagnosticar de maneira contundente com essa classe de exame. A ideia é estudar um certo tipo de proteína que poderia estar presente no sangue com esse tipo de doença, mas dessa forma, o diagnóstico fica muito limitado, porque existem outras patologias que podem causar a mesma coisa no sangue. Então, o exame seria apenas uma parte, mas não o diagnóstico definitivo do Alzheimer”, finaliza o médico.