O Relatório Nacional sobre a Demência divulgou que 8,5% da população de 50 anos ou mais convivem com o alzheimer no Brasil.
Késia Grigoletto
Em fevereiro, a cor roxa assume um lugar de protagonismo. É o mês da conscientização sobre doenças crônicas como alzheimer, lúpus e fibromialgia. A campanha surgiu em 2014, no estado de Minas Gerais, com o intuito de conscientizar e educar as pessoas com relação ao diagnóstico e tratamento de cada uma dessas doenças.
Essa campanha também trabalha para combater o preconceito e os estigmas que permeiam as condições de vida dos pacientes, mostrando que com o diagnóstico correto e tratamento adequado é possível ter qualidade de vida.
Diferença entre doença crônica e doença autoimune
Doenças crônicas se desenvolvem gradualmente, na maioria das vezes não possuem cura definitiva e afetam de maneira expressiva o bem estar das pessoas. A médica reumatologista, Talita Ribeiro, relata que “as doenças crônicas podem ter diversas causas (como estilo de vida, genética ou fatores ambientais) e nem sempre envolvem o sistema imunológico”.
As doenças autoimunes têm como característica central o erro do sistema imunológico. “Uma doença autoimune geralmente é crônica, mas tem toda doença crônica é autoimune, como, obesidade, diabetes, transtorno de ansiedade, hipertensão arterial”, completa.
Alzheimer
O alzheimer é uma doença neurodegenerativa mais presente em idosos, que se exterioriza pela deterioração cognitiva e da memória. O neurologista Davi Muniz explica que isso se deve ao acúmulo excessivo de proteínas, como a beta-amiloide, que afeta o desempenho dos neurônios, levando-os à morte.
“Como consequência, a memória, o raciocínio e a capacidade de realizar tarefas do dia a dia são comprometidos. O alzheimer é a principal causa de demência em idosos, e o maior fator de risco para desenvolvê-lo é a idade”, avisa o médico.
Não existem maneiras de garantir a prevenção do alzheimer. Porém, o neurologista aponta alguns hábitos saudáveis que reduzem os riscos: manter uma alimentação equilibrada, dormir bem, praticar atividades físicas regularmente e estimular o cérebro com leituras, aprendizados e atividades que desafiem a memória.
Lúpus
O lúpus pode atingir homens e mulheres, mas diferentemente do alzheimer, acomete principalmente mulheres em idade fértil. É uma doença crônica e autoimune que afeta a qualidade de vida dos pacientes. “O sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra infecções, começa a atacar os próprios tecidos e órgãos saudáveis. Pode afetar qualquer órgão e tecido, como a pele, articulações, rins, cérebro, coração sangue, e outros”, explica a médica Talita Ribeiro.
“Os sintomas podem variar entre as pessoas, mas os que mais chamam atenção, são: fadiga, dores nas articulações e inchaço, lesões de pele (especialmente no rosto, com forma de borboleta), sensibilidade ao sol, febre, perda de peso, queda de cabelo intensa, urina espumando, dor no peito”, completa.
As causas para o desenvolvimento do lúpus são complexas, envolvem interações genéticas e ambientais, portanto, não existe uma comprovação para a prevenção. No entanto, a reumatologista descreve algumas medidas que podem ajudar, evitar exposição excessiva ao sol, usar protetor solar e roupas adequadas, controlar o estresse que pode ser um gatilho para a doença, ter uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável.
Fibromialgia
Assim como as outras duas doenças já citadas, a fibromialgia ou a doença invisível, é crônica. A clínica geral, Hortência Leite, informa que a doença é caracterizada por fadiga e dores musculares, articulares crônicas intensas. “Geralmente está associada a dificuldades de dormir e distúrbios do sono em geral”, afirma.
As pessoas mais propensas a desenvolverem a doença são, mulheres, pessoas que já tenham algum distúrbio ansioso ou depressivo. “Problemas de estresse ou outras doenças crônicas e reumatológicas também contribuem para o desenrolar da doença ”, complementa a médica.
Segundo a médica, o desconhecimento do que causa a doença torna a prevenção mais difícil. Porém, uma dieta anti inflamatória, reduzida em açúcar e gordura, somada à prática regular de atividades físicas diminui os danos causados pela doença.
A importância do mês para conscientizar
O fevereiro roxo é uma campanha que pretende informar e esclarecer a população sobre doenças crônicas sem cura. A ação também visa transmitir o quanto o diagnóstico precoce pode ser benéfico e proporcionar uma vida melhor e mais saudável para os pacientes.
“Quanto antes a doença for identificada, melhor será o planejamento do tratamento e maior a qualidade de vida do paciente. Além disso, a conscientização ajuda a combater preconceitos, promovendo mais empatia e apoio para os pacientes e cuidadores”, conclui o neurologista, Davi Muniz.