Especialistas recomendam cuidado com a saúde respiratória durante esse período.
Gabrielle Ramos
O Brasil registrou um recorde de queimadas no mês de agosto, com foco na região amazônica. Como resultado, mais da metade do território nacional está encoberta por fumaça, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre as áreas impactadas, São Paulo foi classificada como a cidade com a pior qualidade do ar no mundo em quatro dias consecutivos, 9 e 12 de setembro. No Rio Grande do Sul, moradores de diversas cidades relataram a ocorrência de “chuva preta”, um fenômeno causado pela fuligem das queimadas ao se misturar às precipitações.
Diante desse cenário, aliado às altas temperaturas registradas em todo o país no início de setembro, o Ministério da Saúde reforçou as recomendações de cuidados para as populações das áreas afetadas pelas queimadas.
Riscos das queimadas
Além do risco imediato do fogo, que pode destruir propriedades e ameaçar vidas, o pneumologista Daniel Neiva alerta que a exposição à fumaça e às partículas, como fuligem e monóxido de carbono, é altamente prejudicial à saúde, pois afeta os pulmões, vias respiratórias, pele e outros sistemas do corpo.
O pneumologista explica que o ar com baixa umidade compromete a dinâmica respiratória, facilitando o surgimento de infecções respiratórias causadas por vírus e bactérias. “Essas infecções podem variar desde casos leves até a casos graves que podem demandar internação”, expõe.
Pessoas com doenças respiratórias, especialmente crianças pequenas e idosos, são particularmente vulneráveis a essas substâncias. “A poluição atmosférica é um dos piores gatilhos para a piora dessa doença nessa população”, afirma o pneumologista.
Esse é o caso de Luiza Françani, que sofreu com a inalação de fumaça na região de São Paulo. “Eu comecei a sentir muita dificuldade para respirar, muita tosse seca e como eu tenho asma, acabou agravando ainda mais esse meu problema”, relata.
A universitária precisou ir ao médico quatro vezes para investigar o que estava acontecendo. “Já fazia um tempo que minha asma não atacava, precisei tomar dois tipos de xarope e voltar a usar bombinha”, complementa.
Cuidados com as temperaturas elevadas
O pneumologista destaca que as ondas de calor aumentam o risco de desidratação em idosos, crianças e gestantes, o que pode resultar em cefaleias (dor de cabeça), desmaios e epistaxe (sangramento nasal). “Muitas vezes, nesses grupos, a ingestão de água está abaixo do necessário, o que prejudica as atividades basais do organismo”, alerta.
Por isso, o especialista recomenda a ingestão adequada de líquidos. Além da utilização de métodos adicionais para melhorar a respiração, como a lavagem nasal, que ajuda a eliminar vírus e bactérias, e umidificadores para enfrentar esse período de forma mais segura.
“Mas é sempre importante lembrar que antes de utilizar esses dispositivos, devemos higienizá-los muito bem. Além de manter atenção com a formação de mofo em paredes e guarda roupas. Por isso, não recomendamos o uso desse aparelho durante toda a noite: coloque no quarto 2 a 3 horas antes de dormir e depois desligue”, explica o especialista.