Levantamento realizado pelo Instituto de Segurança Pública revela os números da violência sobre rodas.
Yasmim Ferreira
A pesquisa lançada na plataforma do ISP-Trânsito revelou que a maioria dos acidentes fatais aconteceram em vias municipais (fora das rodovias) e os condutores, são de uma classe mais jovem com idades entre 18 e 24 anos. No Rio de Janeiro, houve 1.701 mortes em 2020, sendo o número de homens que morreram quase quatro vezes maior que o das mulheres. Já em São Paulo, no mesmo ano foram 4.838 mortes no trânsito, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito.
O motoboy David Ferreira já passou por inúmeros acidentes e assume que precisa de mais cautela. Conta que mesmo tomando os cuidados, o problema vai além dele como motorista porque é uma briga de leões, é sobre ser melhor. “A gente quer ver o motorista chegar no final, quer ver até onde o outro vai. O motorista mexe com a gente, são mais folgados e por isso causam mais acidentes, mas também tem mulher que é complicada”, comenta.
Campanhas são feitas todos os anos com o intuito de diminuir esse número de óbitos e trazer a conscientização no volante. Durante este mês, acontece a campanha nacional “Maio Amarelo” lançada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), e em sua plataforma foram disponibilizados dados referente a violência no trânsito no período de 2019 e 2021.
A pesquisa revelou dados referentes aos meses de janeiro a setembro de 2020 que quando a vítima é o passageiro, os homens são 49,67% e as mulheres, 50,33%, consequentemente por existir mais homens no volante.
Esse número não é por acaso, embora o número de mulheres habilitadas esteja crescendo, o maior número de motoristas é representado por homens. Em mapeamento feito pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) com dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), foi registrado no estado de São Paulo 9.285 milhões de condutoras habilitadas e 14.6 milhões de condutores até março de 2022.
O medo no trânsito
Uma jovem de 25 anos, estudante de Psicologia que preferiu não se identificar, conta que o trânsito lhe gerou um medo para iniciar sua vida sobre rodas. Ela sempre ouviu notícias sobre morte no trânsito e isso a assustava. “Meu tio foi parar na UTI devido um acidente de carro. Por mais que ele estivesse errado, pois tinha bebido ao dirigir, essa tragédia me gerou um medo. Talvez seja por isso que hoje eu sou mais cautelosa quando dirijo, mas ainda tenho receio pois sinto que a qualquer momento algo ruim pode acontecer”, comenta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,2 milhões de vidas no mundo são levadas por conta de acidentes de trânsito. Dirigir sob o efeito de álcool aumenta as chances de mortes, além de trazer riscos não apenas para o condutor, mas aos passageiros e motoristas ao redor.
Uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2019 (Vigitel) nas capitais brasileiras, relatou que na capital de São Paulo 6,7% dos motoristas admitiram dirigir após o consumo de bebida alcoólica.
A estudante também conta que além do seu tio ter passado por um problema como esse, ela vivenciou um acidente. “O motorista estava vindo com o farol desligado e quando eu fiz o retorno, ele chocou comigo. Quando ele saiu do carro, consegui perceber que ele tinha bebido. Foi um susto, mas saí ilesa, diferente do meu carro”, relembra.
Além do álcool, existem outros problemas que ocasionam o acidente de trânsito. Iata Anderson, é instrutor de auto-escola há anos na cidade de Guarulhos e conta sobre como esses problemas podem ser evitados. “Eu vejo que antes de tudo, as pessoas precisam entender que o veículo é uma arma. É preciso ter consciência, cautela e respeito, entender que as regras estão aí para serem cumpridas. Por exemplo, a questão da bebida, há uma regra que não se deve beber no carro. As pessoas que bebem acham que dirigem mais, o que faz com que percam a cautela. Basicamente são as regras, normas e amor próprio com outras vidas”, afirma.