Redes públicas terão conteúdos sobre igualdade de gênero em 2019
Larissa Schimmak
A igualdade de gênero tem sido debatida em diversos meios. A temática pode ser notada na televisão e principalmente na internet através das redes sociais. A urgência da discussão surge em resposta aos dados. Segundo a pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 503 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no país, em 2016. Esse montante representa 4,4 milhões de brasileiras violentadas, muitas vezes dentro da própria casa.
Este número assusta tanto que a Secretária de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes, afirmou nessa terça-feira, 9, que em 2019 os livros didáticos das redes públicas terão conteúdos sobre igualdade de gênero, promovendo a discussão sobre o tema em sala de aula. Para a coordenadora pedagógica Dayse Barreiros, o projeto tem extrema importância. “A iniciativa é extremamente necessária e relevante. Afinal, qualquer assunto no âmbito dos direitos humanos é sempre bem-vindo nas escolas. Essas instituições prezam pelo trabalho com o respeito, construção da cidadania, direitos e deveres”, diz.
Mãe de duas meninas de 8 e 2 anos, Luciane Ferri, apoia a iniciativa que beneficiará a geração de suas filhas. “Numa cultura como a nossa, em que muitos valores estão invertidos, faz-se necessário que se eduque os cidadãos com os valores corretos desde a mais tenra idade”, declara. Ela acredita que, antes de exigir dos homens que respeitem as mulheres, é preciso ensiná-los a se valorizarem e respeitarem a si mesmos.
O professor da rede pública Robson Madalena concorda com o projeto, mas levanta outra questão. “Vale ressaltar que, como diria o filósofo educador Mário Sérgio Cortella, a escola tem a função de escolarizar, não de educar. A educação deve ser trabalhada em casa. O projeto é uma medida paliativa, mas longe, bem longe, de ser a solução do problema”, ressalta.
Rosíres Oliveira é mãe da Lana, que está no sétimo ano e conta que gostou de saber do projeto. Em 2019, Lana entrará no ensino médio. “As mulheres no mínimo teriam que ser tratadas e respeitadas da mesma forma que o homem. Não é porque somos mulheres que devemos e temos que aceitar esse tipo de violência”, conta a mãe que apoia temas como a igualdade de gênero nos livros didáticos.
Segundo Robson, o projeto está mesmo longe de ser a solução para o problema, mas poderá ser um começo para uma nova construção reflexiva nos futuros adultos deste país. “Cada vez mais vemos o ensino público cedendo o espaço da escolarização para a educação, visto que esta tem sido cada vez mais deixada do lado de fora do contexto escolar”, afirma.
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