Saiba por que trabalhadores estão deixando o emprego com mais facilidade, diminuindo a lealdade com as empresas.
Cristina Levano
O mercado de trabalho está mudando e com o uso crescente das tecnologias, muitos empregos tradicionais estão desaparecendo e novos nascendo. Contudo, a diferença do passado, quando as pessoas entregavam tudo, sacrificando tempo de qualidade com a família, saúde mental, entre outros, para impressionar ao seus chefes e dessa forma manter seus empregos, na atualidade, uma vez absorvido o conhecimento que precisavam, os profissionais não tem problema nenhum em deixar o seu trabalho, e buscar outro no qual se sintam confortáveis.
Essa mudança no comportamento dos trabalhadores começou a ser visível depois da pandemia, devido às novas prioridades, expectativas e interesses dos funcionários. Assim, segundo especialistas, os empregados estão menos predispostos a colocar os interesses da empresa em primeiro lugar ao pensar e falar sobre suas carreiras. Pelo contrário, em seus currículos, preferem destacar suas qualidades pessoais no lugar dos trabalhos nas empresas. E as consequências dessa decisão já são visíveis.
De acordo com uma pesquisa da PwC e da Pew Research Center feita em 2021, mais de 47 milhões de trabalhadores se demitiram do emprego apenas nos Estados Unidos. Na atualidade, 1 em cada 5 funcionários no mundo inteiro vão renunciar nos próximos 12 meses. Já em 2022, aproximadamente 4,5 milhões de americanos deixaram ou trocaram os seus empregos. E no Brasil não foi diferente, pois no mesmo ano mais de 600 mil trabalhadores pediram as contas, conforme o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), do IBGE.
Pensamentos diferentes
O gerente de marketing da franquia, Pio’s Chicken, CEO de FC e Oficial de programas do Young Americans Business Trust, Wilmer Olaya, conta que quando ainda estava na faculdade, estudando engenharia de sistemas, todos procuravam ser os melhores nas diversas matérias para sair no ensino superior e estar no topo da especialidade devido a que eles recebem melhores oportunidades laborais. Afinal, se você não conseguisse um bom emprego, todo o esforço não teria valido a pena.
“Antes as pessoas gostavam de ficar em um emprego, não interessava o que você fazia, não interessava se você não fazia nada, o ponto era estar ali,” declara.
Durante sua trajetória profissional, Wilmer conheceu empresas que tinham todas as gerações completas, o avô, o pai e até o filho. Mas este tipo de instituições em formato de empresa, cada vez existem menos, pois as pessoas já não têm mais esse pensamento de querer ficar em um único lugar para buscar alguma estabilidade.
Daniel Martinez, flamengo guitar stylist, estudou contabilidade, mas decidiu deixar o seu país, com o objetivo de aprender inglês, depois de estudar negócios, fazer um MBA, um doutorado nos Estados Unidos e depois voltar. Mas, era apaixonado pela música e ao descobrir que ela era mais valorizada lá, depois de quase 11 anos na área contábil, saiu de onde trabalhava e decidiu seguir sua carreira musical.
“O segredo é fazer o que a gente gosta de fazer, em primeiro lugar. Agora que mudei de rumo de trabalho, me sinto bem, me sinto melhor, mas também reconheço que há certas variáveis que alguém tem que considerar se você quer trabalhar com o que gosta”, explica.
Com o tempo e o conhecimento que já tinha dos negócios abriu sua própria escola de música e se tornou um embaixador da música e cultura em Nebraska, com uma banda que mistura diferentes estilos musicais.
Habilidades na frente do emprego
“Na atualidade, quando um entra para trabalhar, tenta absorver o máximo possível, porque sabe que possivelmente tem que emigrar muito rápido. Os jovens parecem chegar num ponto onde, se eles acham que já aprenderam o suficiente num lugar, não tem nenhum problema em se demitir e ir para outro lugar, porque sentem que ali já não podem crescer mais”, declara Olaya.
Com o decorrer do tempo as competências têm se tornado cada vez mais importantes do que o prestígio da empresa no mercado de trabalho atual, o que explicaria por que os funcionários procuram empregos nos quais possam aprimorar suas habilidades e aptidões, assim como cultivar e desenvolver suas competências, se tornando cada vez menos leal ao seus empregadores.
Pelo mesmo motivo, ao procurar emprego as pessoas destacam as suas conquistas pessoais e habilidades em detrimento das empresas listadas nos seus currículos. Assim mesmo, os jovens mudaram no sentido de suportar o desemprego, e esse pensamento de querer ficar em um único lugar para buscar alguma estabilidade também ficou pra trás. A sociedade mudou, porém, as pessoas também.
E as empresas?
Hoje em dia vemos empresas que emergem rapidamente, crescem rapidamente, duram pouco tempo e em algumas ocasiões até se extinguem por causa de uma venda ou uma fusão, como acontece com muitos criadores de aplicações.
Wilmer Olaya disse que exatamente por isso mesmo as empresas elaboraram programas de fidelização, por exemplo, de colaboradores, estímulos, vales de compras, descontos e oferecem formação aos trabalhadores. “Seja em uma empresa, um centro de formação, ou em um centro de inovação, e depois ele sai, a ideia é que isso seja implementado em sua empresa, já que você lhe dará as facilidades para isso, oferecendo uma patente a um trabalhador seu”, finaliza.
Isso pode ser regulado, pode até ser documentado, para garantir que a réplica efetivamente esteja na empresa. É importante manter equilíbrio entre as necessidades individuais dos empregados e que da mesma forma se cumpram os objetivos da empresa no papel que emplacou.