Pesquisas destacam o impacto do ovo na função cognitiva e indicam maneiras de incluir o alimento na dieta de forma equilibrada.
Davi Sousa
Boatos de que engordava ou que fazia mal ao corpo sempre existiram durante muitos anos e o ovo foi visto como um alimento a ser evitado, mas a ciência tem mudado essa narrativa. Estudos recentes publicados pelo Periódico Nutrients revelam que ele pode ser um aliado poderoso para a memória, especialmente em mulheres.
Pesquisadores da universidade da Califórnia, em San Diego, analisaram os hábitos alimentares e funções cognitivas de quase 900 pessoas. Os resultados apontaram que mulheres que consomem ovo regularmente apresentam melhor desempenho em testes de memória, como a identificação de categorias. Isso ocorre graças a nutrientes como a colina, a luteína e a zeaxantina, presentes no alimento.
A pesquisa revela que os elementos presentes no ovo ajudam a preservar a saúde cerebral, minimizando danos causados pelo estresse oxidativo. Combinados, eles formam uma espécie de escudo protetor para o cérebro, tornando o ovo um alimento essencial na busca por mais saúde cognitiva.
Nutrientes que fazem a diferença
A nutricionista Alane Alamo explica que o grande destaque nutricional do ovo é a colina, vitamina fundamental para a produção de acetilcolina, neurotransmissor que regula a memória e o aprendizado. Encontrada na gema, ela é um dos principais componentes para a boa saúde cerebral.
“Um outro ponto forte são os carotenoides luteína e zeaxantina, antioxidantes que combatem a inflamação e protegem os neurônios. Essa dupla é especialmente eficaz na redução de danos cerebrais a longo prazo, contribuindo para uma mente mais ágil e protegida”, explica a nutricionista.
Embora a clara seja conhecida pelo alto teor de proteínas, a gema complementa o alimento com aminoácidos essenciais, importantes para a reparação dos tecidos e o fortalecimento do corpo como um todo.
Para Júlia Pereira que começou a incluir ovos em sua dieta diária diz que notou uma diferença significativa em sua saúde. “Antes, eu tinha dificuldades para lembrar pequenas coisas, como datas e compromissos. Desde que comecei a comer ovos todos os dias no café da manhã, sinto que minha memória está mais afiada e minha disposição melhorou muito”, afirma.
Desmistificando o colesterol
O problema real está no consumo exagerado de gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos ultraprocessados. Dessa forma, o ovo deixou de ser o vilão da dieta e passou a ser reconhecido por sua riqueza nutricional.
Apesar disso, o consumo exagerado pode sobrecarregar o organismo. “O segredo está no equilíbrio”, explica a nutricionista Ariane Alamo. Ela reforça que o ovo é um alimento extremamente rico e benéfico. “Muitos ainda têm receio por causa do colesterol, mas é importante lembrar que o colesterol presente no ovo não afeta significativamente os níveis no sangue para a maioria das pessoas. Além disso, nutrientes como colina e luteína são indispensáveis para a saúde cerebral”, afirma.
Como incluir o ovo na sua rotina
A versatilidade do ovo o torna uma escolha prática para diferentes refeições ao longo do dia. Para a chefe de cozinha Nilvania Barbosa, no café da manhã ele pode aparecer em opções como ovos mexidos ou cozidos, oferecendo uma combinação de proteínas e nutrientes essenciais para iniciar o dia com energia sem desperdiçar alimentos.
Além disso, sua praticidade se destaca na versão cozida, o ovo é fácil de transportar e funciona bem como lanche intermediário, sendo uma alternativa nutritiva para quem busca praticidade. Em saladas, ele ganha destaque ao aumentar a saciedade e enriquecer pratos com proteínas e antioxidantes.
“Alimentos como o ovo podem salvar vidas tanto para saciar a fome como ser um alimento extremamente acessível e ao mesmo tempo é muito saudável”, pontua.
Outro uso frequente é como substituto de carnes em dietas vegetarianas, funcionando como uma fonte acessível e eficiente de proteínas. Na culinária, o ovo também tem papel importante, integrando receitas de omeletes, bolos e outros pratos caseiros que valorizam sua composição nutricional.
A chefe alerta, no entanto, para o consumo com segurança, o ideal é evitar versões cruas ou com a gema mole, reduzindo riscos de contaminação, e priorizar produtos de origem confiável para garantir qualidade e segurança alimentar.