A exemplo de campanhas como outubro rosa e novembro azul, este mês chama atenção para a importância do aleitamento materno
Lia Costa
O banco de leite de Campinas restringiu atendimento aos prematuros da maternidade por falta de estoque. Quem deveria ser referência na região atendendo a cidade inteira, mal recebe coletas de doações. A última informação do Banco de Leite Humano em Campinas revela que no início do mês só havia 3 litros de leite disponíveis. Responsáveis e profissionais da saúde concordam que a conscientização da importância de doação de leite materno é necessária.
Celestina Grazziotin é consultora internacional em aleitamento materno e coordenadora do banco de leite do Hospital de Clínicas em Curitiba, além de ser Mestre em Saúde da Criança. Ela atenta para a falta de orientação às mulheres no pré-natal em relação a ensinar posição e pega correta, por exemplo. O banco de leite ajuda em casos de doentes, prematuros, gêmeos e não bebês em casa que tem mãe. “Toda mulher que teve bebê, se teve apoio bem adequado, consegue ter leite e amamentar. Falta apoio”, adverte Celestina. A especialista orienta que as mães que tem dificuldade devem procurar ajuda profissional. Além disso, chama atenção para as unidades de saúde oferecer apoio a essas mães.
Joseli Gomes é mãe de quatro: três meninas e um menino. Ela doou leite no hospital após o parto em todas as gestações, mas teve dificuldade de amamentar por ter desenvolvido rachaduras no seio. “Sofri mais amamentando do que no parto”, afirma. A manicure confessa que chorava quando sabia que os filhos iam acordar. Durante a amamentação, ela apertava a mão do esposo para descarregar a dor que sentia. Fez tudo o que mandaram fazer, mas não tinha jeito. Ainda assim, diz ter valido a pena. “Quando eles acordavam o leite já descia, é uma ligação de Deus, você sente”, revela em tom nostálgico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde e pesquisas científicas, o leite humano preenche necessidade de crianças até seis meses de vida. “O leite materno é o alimento mais completo que existe no mundo”, aponta a nutricionista infantil Karine Durães. Ele atende todas as necessidades de nutrientes e sais minerais da criança como: ômega 3, vitamina K, água, carboidrato, gordura e todos os micro e macro nutrientes disponíveis em quantidade adequada. O leite materno também tem substâncias que ajudam a proteger e aumentar a imunidade, além de conter fatores que melhoram e regulam a flora intestinal. Karine amamentou por 2 anos e 8 meses.
Para a nutricionista, a sociedade ainda tem preconceitos com a amamentação, inclusive o meio médico que indica o desmame a partir de 1 ano de idade ou a introdução de fórmula infantil. “Nossa licença maternidade de 4 meses é uma licença que não ajuda a mãe a amamentar exclusivamente”, reclama Karine. O escândalo que causa uma mulher amamentar em público também é algo que precisa mudar, porque de acordo com Karine, só consegue amamentar quem tem exemplos sobre amamentação. “O mundo inteiro ganha com a amamentação, então todo mundo deveria de alguma maneira incentivar o aleitamento materno”, incentiva.
*Foto: https://goo.gl/PeMdZf