O censo demográfico realizado neste ano registrou um aumento de 53% em comparação com os últimos quatro anos da capital do estado.
Laura Rezzuto
Nos últimos dois anos, as ruas da cidade de São Paulo não têm tido motivos para comemorar, devido ao aumento de pessoas que buscam por elas como refúgio. De acordo com o censo da população, realizado em janeiro deste ano, apenas na capital do estado, existem mais de 32 mil pessoas desabrigadas. A pesquisa ainda mostra que, por conta da pandemia, cerca de 7.000 pessoas também precisaram recorrer às ruas.
O censo realizado neste ano, só deveria ter sido feito em 2023. Porém, diante do evidente crescimento, a prefeitura de São Paulo decidiu antecipá-lo. A primeira pesquisa, feita nos anos 2000, constatou que a cada 10 mil habitantes, oito viviam nas ruas, e hoje, após quase duas décadas, essa proporção passou a ser de 26 pessoas.
“Quando encontramos e lidamos com pessoas que estão nessa situação, sabemos que existem peculiaridades na posição de várias delas e logicamente, algumas possuem motivos bem específicos para viverem nas ruas; mas nos últimos três anos, a maior parte das pessoas que foi para as ruas, tinha uma razão em comum: necessidade por causa da pandemia”, explica Zilma Pimentel, assistente social.
A busca por uma vida melhor como o principal fator
Segundo dados da CNN, 96,44% dos moradores de rua da cidade de São Paulo são nascidos no Brasil. Destes, 39,2% das pessoas são naturais da capital do estado, 19,86% são de outras cidades de São Paulo e 40,94% são nascidos em outros estados do Brasil.
De acordo com Zilma, certamente, um dos principais motivos para que 52% da população de rua de São Paulo sejam de outras cidades, é pela busca de um emprego e consequentemente de uma estabilidade financeira melhor para as suas famílias, já que 93% deles sabem ler, escrever e concluíram o ensino médio ou o ensino superior.
O novo censo da população de rua de São Paulo também especifica que a cada 100 pessoas, 18 têm vivido nessa situação há menos de dois anos. Desse modo, a pandemia de Covid-19 e a crise econômica e social causada pela doença têm colaborado com esse cenário das ruas da capital.
Projetos que abraçam
Hoje, ao todo, aproximadamente 12 mil moradores de rua já são atendidos e muito bem acolhidos em diversos abrigos. As casas modulares, por exemplo,fazem parte de um projeto implantado pela prefeitura do estado de São Paulo, na região de Bom Retiro, para receber famílias de até quatro pessoas. Cada casa possui 18 metros quadrados, quarto, cozinha e banheiro.
O objetivo da prefeitura é que 1.400 pessoas residam na casa modular por um período de 12 a 18 meses, até que consigam se reinserir no mercado de trabalho e em outras atividades sociais que contribuam para normalização do dia a dia das famílias desabrigadas. Até então, a meta é disponibilizar 350 casas a partir do mês de setembro.