Aumento da expectativa de vida de mulheres e diminuição da taxa de natalidade estão entre os fatores que influenciam esse cenário.
Helena Cardoso
A população feminina e idosa vem crescendo cada vez mais no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os impactos podem ser sentidos principalmente na área econômica, com questões como previdência e aumento da adesão a planos de saúde. Segundo dados da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), os idosos representam 14,24% dos beneficiários e, em comparação com junho de 2021, o número de usuários que têm a partir de 60 anos aumentou 3,72%.
Ao mesmo tempo que o aumento dessa população movimenta a economia, com a criação de novos mercados voltados a esse público, ele a estagna. Para o geógrafo Leandro Campos, “o maior problema é a previdência”, já que ela é sustentada pelos trabalhadores em idade ativa (de 15 a 64 anos). “Quando há envelhecimento da população, são necessárias mais pessoas em idade ativa para suprir a aposentadoria, e como não tem dinheiro suficiente para pagar, precisa de um gasto do governo”, explica.
Entretanto, “essa mudança [do quadro populacional] traz algumas possibilidades”, de acordo com o sociólogo e historiador, Salviano Feitoza. Além de falar sobre o impacto econômico, ele menciona os impactos sociais, afirmando que “o país vai precisar pensar em políticas de saúde pública para garantir os cuidados de uma população cada vez mais envelhecida”.
Diminuição da população jovem e adulta
O principal motivo para o aumento do número de idosos com o passar dos anos é a taxa de natalidade, que diminuiu 8,7% em comparação com 2010. Isso está associado à inserção das mulheres no mercado de trabalho e ao acesso a métodos anticoncepcionais, segundo o geógrafo Leandro.
Além de menos nascimentos, o envelhecimento da população está atrelado ao aumento da expectativa de vida, que em 2010 era de 70 anos para homens e 77 para mulheres, e agora, em 2022, é 73 para homens e 80 para mulheres, como mostra a projeção da população feita pelo IBGE.
População feminina
Para o sociólogo Salviano Feitoza, a diferença na expectativa de vida entre os sexos tem relação principalmente ao cuidado com a saúde, como a ida a consultas de prevenção, ou à violência. Os homens são a maioria em número de vítimas de homicídios, participação em acidentes de trânsito, população carcerária e suicídios, segundo dados do Atlas da Violência. Por isso, Leandro Campos explica que “conforme vai chegando na terceira idade, a proporção de mulheres começa a ser maior”.
Feitoza frisa a importância de se pensar em políticas públicas para mulheres e idosos. “Numa sociedade em que foi necessária a assinatura de um estatuto do idoso e a criação de leis específicas para mulheres, para garantir que essas pessoas possam ser bem tratadas, já vemos o que se pode esperar e o que se deve temer nesse processo”, conclui.