Emanuele Fonseca
Uso incorreto das redes sociais pode gerar demissões, diz especialista
Demissões envolvendo publicações em redes sociais têm sido tema recorrente nos últimos dias. Recentemente, o caso de uma concessionária de motos do interior de São Paulo veio a público depois que a empresa demitiu um funcionário que “curtiu” no Facebook os comentários ofensivos à própria instituição. A concessionária recorreu à Justiça e o Tribunal Regional Trabalhista (TNT) que, por sua vez, validou a ação.
Outro caso aconteceu no mês passado. Um estagiário da Cantareira Construtora e Imobiliária foi demitido após fazer posts machistas também no Facebook. A empresa se manifestou e deixou claro que as opiniões do estagiário não refletem a visão da corporação. “Nós não podemos responder pelas opiniões particulares de um funcionário. O problema é que ele estava uniformizado no canteiro de obras. Para nós, é importante esclarecer que esse não é o posicionamento de nenhum dos sócios”, informou a assessoria de imprensa ao E+.
De acordo com a Advogada Fernanda Stinchi, especialista em Contratos de Transferência em Tecnologia pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o número de processos envolvendo redes sociais cresceu muito nos últimos anos. “Questões de ética de funcionários existem mesmo antes da Internet e das redes sociais. Toda empresa deve procurar fazer um trabalho preventivo e contínuo para esclarecer aos funcionários quais são as regras de comportamento esperadas de todos os colaboradores”, afirma.
As empresas analisam cada caso segundo a jurisprudência. Caso o empregado use a rede da empresa, o e-mail pessoal não pode ser acessado. Se houver uma publicação maldosa e o empregado acidentalmente deixar a página aberta no computador, gera orisco de algum colega de trabalho notar. Nessa situação, a advogada explica que o ideal seria exigir que o funcionário excluísse o post rapidamente para diminuir a repercussão do assunto.
Se o conteúdo se tornar viral, o empregado deve fazer algum esclarecimento e se desculpar pelo ocorrido. “Caso o ato cometido pelo funcionário seja mais grave do que um simples comentário desastroso, a empresa pode tomar providências”, recomenda. Algumas empresas já proíbem o uso de redes sociais no trabalho. Por outro lado, há companhias que usam essa ferramenta de mídia nas suas atividades diárias.
O professor de história Gilmar Santos foi demitido por expor sua opinião contra partidos políticos de esquerda e por falar do material didático utilizado por escolas. Segundo Gilmar, o diretor não o demitiu por ele não se encaixar no perfil de professor, mas por não concordar com tudo o que o seu superior queria. “A maioria dos alunos me apoiavam muito. Tenho liberdade de expressão e posso usá-la. Sei que não posso falar mal da instituição onde trabalho, porém tenho a minha opinião geral sobre o assunto e não me calei. Se está errado, vou falar que está certo? ”, argumenta.
Atualmente, Gilmar está na posição de empregador. “Por já ter passado por isso, vou aceitar sim questionamentos e críticas construtivas, pois dessa forma vou saber em quais aspectos posso melhorar. Não posso ser o ditador e querer tudo da minha forma”.
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