Empresários articulam medida provisória para barrar plataforma que faz sucesso no Brasil.
Fernanda Reis
A Shopee, plataforma de e-commerce (comércio eletrônico) do grupo asiático Sea, completa dois anos e meio desde sua estreia no mercado brasileiro. Depois da sua popularização durante a pandemia da Covid-19, a plataforma vem crescendo no país, e neste mês de maio, abriu mais um escritório no Largo da Batata, em São Paulo. No entanto, a expansão vem incomodando gigantes do varejo como Americanas, Havan e Magazine Luiza.
Surgida em 2015 em Cingapura, a plataforma de marketplace chegou ao Brasil no ano de 2019 e se popularizou, principalmente por oferecer preços baixos e taxa de importação mínima. Além disso, funcionou como oportunidade dos usuários abrirem o próprio negócio.
Facilidade de compra e venda
A empresária Luiza Aparecida, que entrou na ferramenta em 2021, afirma que a Shopee foi uma ótima oportunidade de começar seu negócio do zero, pois com a plataforma o alcance tem sido maior, proporcionando a ela ter dois negócios ao mesmo tempo, tanto físico, quanto digital.
No entanto, a única dificuldade que tem enfrentado é o crescimento, que tem sido demorado. “Ainda estou na luta para crescer dentro da plataforma, mas tem valido a pena”, afirma. A variedade de produtos e os valores bem abaixo do mercado, são os fatores que chamam a atenção dos clientes na companhia, além do frete gratuito mensal e dos descontos.
A vendedora Anisia Bezerra relata que tinha medo de entrar e começar a vender pela plataforma e não conseguir lucro, no entanto, afirma que tem valido a pena. Ela ainda explica que mais importante do que os preços baixos é oferecer um atendimento de qualidade, como responder rápido no chat e enviar o pedido rápido.
Reações adversas
As concorrentes brasileiras têm reagido negativamente ao sucesso da companhia, e por pressão do setor das varejistas, está nos planos do governo criar uma MP (Medida Provisória) para alterar o tipo de taxação de produtos vendidos cross border, ou seja, produtos vindos de outros países, no caso, da China.
Empresários afirmam que empresas como Shopee, Shein e AliExpress, plataformas de e-commerce que já fazem parte da vida do brasileiro, se utilizam de benefícios tributários para praticarem sonegação de impostos. Luciano Hang, dono da Havan, um dos autores do pedido, afirma que paga mais impostos que a plataforma.
Hoje, os produtos internacionais só são taxados pela Receita Federal se o valor total alcançar U$50 (aproximadamente 250 reais). Com a MP aprovada, qualquer mercadoria comprada na plataforma seria taxada em 60%, independente do valor, o que tem chamado atenção de especialistas, pela alteração na economia brasileira. No momento, a discussão está restrita ao Ministério da Economia, apesar de que a decisão pode afetar fortemente a imagem do governo.
Analistas da XP Investimentos chegaram à conclusão que a medida traria caráter popular e impopular. Impopular por reduzir o poder de compra, e popular porque daria fôlego aos varejistas e indústrias brasileiras, ou vendedores. No caso de Luiza Aparecida, do início da reportagem, sua venda de cosméticos não competiria mais com os produtos vindos da China, proporcionando seu crescimento dentro da plataforma.