Saiba mais sobre a Síndrome do Impostor e veja como esse distúrbio pode ser identificado e tratado adequadamente.
Letícia Casemiro
Ansiedade, comparação e necessidade de agradar. Sentimentos que podem ser comuns quando iniciamos um projeto em um local novo, tanto no trabalho quanto nos estudos. Porém, se constantes, podem indicar o início da “Síndrome do Impostor”, condição definida quando o indivíduo constrói, dentro da cabeça dele, uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência.
Uma pesquisa feita na Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, revelou que 20% dos estudantes universitários que participaram do estudo, já se sentiram impostores em seus cursos. De acordo com a pesquisa, o sentimento está ligado com insegurança ou eventos em que possam ter se sentido inferiores, por quaisquer motivos.
Artistas como Adele, Jennifer Lopez e Meryl Streep, mesmo depois de todo o reconhecimento, também passam por problemas quando o assunto é autoconfiança. Natalie Portman, estrela de filmes como “Cisne Negro”, “Star Wars: Episódio III” e “Thor”, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz em 2011, confessou durante um discurso em 2015 feito em Harvard, onde cursou Psicologia, que durante o período que estudou na instituição norte-americana, sentia que não era inteligente o suficiente para estar lá. “Achava que cada vez que abrisse minha boca teria de provar que não era apenas uma atriz estúpida”, relatou a atriz.
O que é a Síndrome do Impostor?
A Dra. Ingrid Jornadi, psicóloga, explica que a Síndrome do Impostor é caracterizada por uma sensação constante de fraude. A pessoa não acredita que tenha méritos de nada do que ela faça e que a qualquer momento podem descobrir que ela é uma farsa, seja em seu ambiente de trabalho ou em qualquer outra área.
“Acaba se dando mais no ambiente de trabalho, pois é um ambiente de muita produtividade e competitividade entre as pessoas. Mesmo que a pessoa receba um elogio, ela não é capaz de acreditar que exista algo bom a respeito dela”, acrescenta.
Como é feito o diagnóstico?
A Síndrome do Impostor é uma condição que não possui uma Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) própria, entretanto, pode ser diagnosticada através da autoavaliação. “Em processo terapêutico, é possível notar essas características somente pelo que o paciente fala. Muitas vezes, está vinculada à baixa autoestima, insegurança e até mesmo a transtornos como ansiedade e depressão”, pontua a doutora.
Quais são os principais sintomas?
Pessoas que sofrem com a Síndrome do Impostor geralmente apresentam alguns dos seguintes comportamentos:
- Crenças de incapacidade e incompetência;
- Autocríticas constantes;
- Autossabotagem;
- Perfeccionismo;
- Procrastinação;
- Hipersensibilidade à elogios.
Como é feito o tratamento?
A psicóloga informa que o tratamento é feito através da psicoterapia, seguindo a linha da terapia cognitivo-comportamental. Dessa forma, as crenças disfuncionais do indivíduo, e os pensamentos automáticos ligados a essas crenças são trabalhados.
“O foco do tratamento é modificar sua interpretação distorcida de si mesmo e do mundo ou das pessoas à sua volta, a fim de que ele consiga enxergar-se de forma mais realista e positiva”, finaliza.