“Assim vivemos” acontece desde 2003 e está em sua 8ª edição
Amilly Caroline Diniz
Começa hoje a 8ª edição do Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. O “Assim Vivemos” acontece desde 2003. Este ano o tema central é o amor. Serão apresentados 32 filmes que abordam questões relacionadas à autonomia e estratégias encontradas para contornar limitações. O festival é gratuito e acontece no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo.
Os filmes são inéditos e contam com produção de 20 países. Na maioria deles os atores selecionados possuem algum tipo de deficiência como autismo, síndrome de Down, deficiência intelectual, visual, auditiva e física. O festival ainda tem a honra de ser o primeiro festival de cinema no Brasil a oferecer acessibilidade em várias áreas. Lara Pozzobon é curadora do evento e conta que a ideia do projeto veio quando um de seus filmes foi selecionado para um Festival do mesmo estilo na Alemanha. “‘Cão Guia’ foi nosso primeiro filme (Lara e esposo). Quando foi escolhido, nós pensamos que seria legal trazer a iniciativa para o Brasil. O que varia é a preocupação de cada época conforme a necessidade”, expõe. A edição traz dois filmes nacionais.
“Luiza” tem direção de Caio Baú e conta sobre o relacionamento delicado entre uma garota especial e o universo que a rodeia. “Luiza só queria fazer um filme de amor. Ela já estava namorando o Fábio e identifiquei alguns conflitos que essa relação gerava dentro do seu contexto. Também era o objetivo tentar trazer a Luiza como protagonista de sua história, mas só conseguiria fazer isso se ela realmente entrasse na proposta”, explica Baú. Para ele, o espaço que o festival abre é fundamental. “Traz arte, cultura e fala sobre inclusão, que é o mais importante. É muito forte quando acompanho sessões de eventos neste segmento e vejo alguns pais e parentes se identificando com o que apresentamos no curta e contando suas histórias nos debates e bate-papos”, observa.
Outro filme brasileiro é o de Marco Poglia e Vinicius Correa, “A vida tocando”. Ele conta a história de Nivaldo, um violonista que perdeu a visão e encontrou na dificuldade, novas maneiras de encontrar a sua arte. “Nivaldo é um grande violonista, com quem tenho amizade há vários anos. Logo que comecei a trabalhar com audiovisual surgiu a vontade de fazer um documentário sobre a sua trajetória, que é um tanto peculiar devido à perda da visão”, conta Poglia.
Nivaldo vai poder assistir ao filme: em todas as sessões é oferecida ao público a tecnologia de audiodescrição, que possibilita a participação de pessoas com deficiência visual, além de legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) e interpretação em LIBRAS nos debates para que deficientes auditivos não fiquem de fora da programação. Quanto à acessibilidade física, o CCBB tem sua arquitetura concebida para garantir o acesso de pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes. “O ambiente é pensado para que todos participem e se sintam bem”, afirma Lara.
O evento começa às 14h com a apresentação dos filmes. Nos dias 28 e 29 de setembro terá a presença dos atores dos filmes produzidos para debates sobre temas como tecnologia, amor e relacionamentos. O festival vai até o dia 1º de outubro.
Foto: Divulgação