Promovido pelo Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer, o projeto visa auxiliar a comunidade dependente por meio de encontros e a disponibilização de medicamentos necessários.
Ana Júlia Alem
O Sistema Único de Saúde (SUS), juntamente com o Instituto Nacional De Saúde (INCA) e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES), busca por meio de encontros semanais, realizados em Unidades Básicas de Saúde do estado de São Paulo, auxiliar dependentes químicos em sua jornada de se abster do fumo. Além da rotina de encontros, serão disponibilizados pelo SUS, adesivos de nicotina, gomas de mascar e pastilhas que ajudam a combater o vício.
“Durante os três primeiros meses, serão realizados os atendimentos e encontros ministrados por profissionais da saúde. Após esse período, o paciente passará por um ano de acompanhamento, onde será analisado o desempenho do indivíduo”, explica Sandra Silva Marques, coordenadora do Programa de Controle de Tabagismo do estado de São Paulo.
De acordo com a coordenadora, o programa utiliza o modelo cognitivo comportamental como ferramenta para abordar a comunidade. Ou seja, nos primeiros encontros, o indivíduo compreende que fumar é um comportamento e que, mesmo com dificuldades, pode deixar de ser um vício.
“Depois que o paciente entende que pode deixar a dependência para trás, ensinamos a ele um novo comportamento. O profissional, durante os encontros, combina intervenções cognitivas com o treinamento de habilidades comportamentais, fazendo com que o indivíduo entenda que o comportamento antigo deve ser trocado pelo novo”, esclarece Sandra.
As consequências do tabagismo
O tabagismo é considerado uma doença epidêmica decorrente da dependência à nicotina. O vício está incluso na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), além de ser reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a primeira causa evitável de adoecimento e mortes do mundo.
“Não é apenas uma doença em si. O tabagismo é a principal causa de adoecimento dos pulmões, do coração, cérebro e artérias. É a causa de quase 50 outras doenças incapacitantes e fatais, como câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas”, pontua Guilherme Gondim, médico especialista em Radiologia.
Segundo estimativas da OMS, a dependência à nicotina é responsável por 71% das mortes por câncer de pulmão, 42% das doenças respiratórias crônicas e aproximadamente 10% por doenças cardiovasculares, dentre elas: infarto do miocárdio, angina de peito e doença coronariana crônica.
“Observando a quantidade de consequências acarretadas pelo fumo, é fundamental que a sociedade tenha um projeto que encoraje e auxilie os pacientes a parar de fumar. Para ter um resultado ainda melhor, temos que conscientizar as crianças e adolescentes, para que desde pequenos entendam quais as consequências desse hábito,” afirma Guilherme.
Melhor qualidade de vida
Segundo o médico, parar de fumar sempre vale mais a pena, mesmo que o fumante já tenha adquirido alguma doença causada pelo cigarro. “A qualidade de vida melhora muito ao abster-se do fumo,” ressalta. Além de reduzir a chances de desenvolver doenças pulmonares e cardiovasculares, existem outros benefícios, dentre eles:
- Menor risco de desenvolver um quadro grave de COVID-19;
- Redução das chances de contrair psoríase, doença inflamatória da pele que deixa manchas e causa coceira pelo corpo;
- Após dez anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de pessoas que nunca fumaram.