Fernanda Silva
Estudantes estão mais vulneráveis a depressão e podem enfrentar dificuldades de aprendizado, segundo especialistas
A depressão é a doença considerada mal do século, e não tem escolhido idade. O Brasil tem quase 6% de depressivos, sendo este o maior índice da América Latina, como apontam dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017. Em São Paulo, o índice de depressivos supera o do país 8,4% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a capelã, especializada em educação emocional, Mara Nubia Santos, esta doença acaba afetando a vida acadêmica do indivíduo. “Se a pessoa não tem vontade de fazer algumas coisas básicas como comer, imagine estudar, que exige ainda mais dela”, afirma. Durante a sua especialização Mara teve que encarar a depressão, e para amenizar os impactos da doença em seus estudos, utilizou como remédio o cuidado com o seu estilo de vida. “Eu lidei com isso cuidando de uma forma mais detalhada da minha alimentação, praticando muito exercício ao ar livre, pegando sol, também criei diversas técnicas de estudo”, explica.
A psicóloga psicanalista Kleyanne Lima, destaca dois momentos de instabilidade para os universitários que podem possibilitar a depressão. Assim que ingressam na universidade, pois alguns estudantes estão passando pelo período de transição da adolescência para fase adulta com bruscas mudanças. Outros fatores que podem influenciar são a adaptação ao curso e o medo de decepcionar os pais e familiares. “A intensa carga horaria de estudo exigidas por alguns cursos e a cobrança dos professores também podem contribuir para ansiedade e depressão desses estudantes”, acrescenta. O final da graduação também pode ser um período crítico. “Nesse período em que ele começa a se preocupar com o mercado de trabalho, se terá êxito ou não na procura por um trabalho após terminar o curso”, conclui.
O psiquiatra Marcelo Piquet pontua alguns sintomas da depressão como: insônia, perda da motivação, dificuldade em ter foco e sustentar a concentração, tristeza profunda e alterações do apetite. Destaca que o ambiente de competição e de demanda por resultados nas Instituições e universidades acaba influenciando a saúde mental das pessoas
Para Piquet a forma de amenizar a influência da doença nos estudos é através de um tratamento adequado, com antidepressivos e psicoterapias. “Ao realizar o tratamento os sintomas desaparecem ou diminuem muito, melhorando o desempenho acadêmico” esclarece. Ele também recomenda que os familiares e amigos orientem o depressivo a procurar um médico psiquiatra, sendo essa a melhor maneira de ajudar, pois, segundo ele, este é o profissional capacitado para fazer o diagnóstico correto e traçar uma estratégia de tratamento.
Crédito da imagem: Liane Castro