Alterações no ciclo e coloração do sangue da menstruação podem dizer muito sobre a saúde da mulher.
Camilly Inacio
Uma explicação dada pelo grupo Bayer sobre o que é a menstruação diz que: “é a descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação. Essa descamação faz parte do ciclo reprodutivo da mulher e acontece todo mês. O corpo feminino se prepara para a gravidez, e quando esta não ocorre, o endométrio (membrana interna do útero) se desprende”.
Existem diversas características de acordo com cada pessoa, mas alterações no ciclo menstrual, muitas vezes refletem um estado de desequilíbrio geral do organismo. “Em situações de estresse, por exemplo, é comum que se perceba um atraso ou adiantamento da menstruação naquele ciclo, já que o hormônio cortisol bloqueia a ovulação, causando a irregularidade”, informa a Dra. Thatiane Leão, ginecologista e obstetra.
A doutora acrescenta que estados inflamatórios do organismo, causados por alimentação com alto consumo de industrializados e pobre em antioxidantes, podem causar um fluxo menstrual excessivo, e com fortes cólicas. Já quando existe alto consumo de carboidratos, isso leva a um estado de resistência insulínica ou mesmo de diabetes tipo 2, podendo resultar em uma menstruação infrequente ou ausente.
Qual deve ser a cor do sangue?
Thatiane explica que “ciclos normais têm duração de 21 a 35 dias, e os fluxos duram no máximo 8 dias”. Quanto à coloração, ela comenta que “o sangramento de início e final do fluxo costumam ter tons amarronzados e, nos demais dias, vermelho vivo, com ou sem presença de coágulos”. Levando em consideração que alterações pequenas que não ultrapassem sete dias, são consideradas normais.
Detalhando as explicações sobre a coloração do sangue, a doutora Thatiane diz que o sangue marrom ou em “borra de café”, “é quando existe sangramento de pequena monta, misturado à secreção vaginal normal. É normal no início e final do fluxo. Também acontece nos sangramentos fora do período menstrual, comum em usuárias de pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal ou implantes contraceptivos”.
Já o sangramento vermelho mais vivo “é comum do segundo ao quarto dia de fluxo e se refere à descamação normal do endométrio e o sangue normal desse processo”, declara Thatiane.
A ginecologista também alerta que “quando existe sangramento vermelho vivo, em pequena quantidade, e fora do período menstrual, é um sinal de alarme que necessita avaliação de um médico ginecologista, pois pode corresponder a lesões vaginais ou do colo uterino”, conclui.
O site oficial do Clue, um aplicativo que tem como objetivo monitorar os períodos e fases do ciclo menstrual e ajudar na compreensão de características sobre o corpo feminino, fala um pouco sobre o assunto e explica que os casos de um sangue menstrual rosa e aguado, que aconteça irregularmente, podem ser um sinal de câncer cervical.
Enquanto isso, o sangue menstrual cinza pode ser sinal de alguma infecção, e se a pessoa tem sangramento pesado com pedaços de tecidos acinzentado, isso pode ser sinal de um aborto espontâneo. O ideal é procurar um médico assim que algumas das características incomuns forem notadas, em ambos os casos.
Doenças identificadas através do período menstrual
Como já vimos, a importância de observar esses detalhes se dá pela possibilidade de identificar doenças a partir da menstruação e de características do ciclo. “Sangramentos excessivos podem indicar condições genéticas que alterem a coagulação, por exemplo”, explica a médica Thatiane.
Ela continua: “sangramento com odor sugere alguma infecção e a própria ausência de menstruação por mais de 3 meses pode indicar distúrbios da tireoide, resistência insulínica/ intolerância a glicose e até mesmo tumores hipofisários (cerebrais)”, relata.
A doutora hematologista e hemoterapeuta, Sylvia Rocha, aponta que “é muito importante a mulher observar as características do fluxo menstrual, uma vez que, alterações podem significar tanto distúrbios hematológicos quanto alterações endocrinológicas ou ginecológicas.”
De acordo com Sylvia, “é possível identificar doenças através da avaliação do sangue. Existem vários exames laboratoriais que nos permitem fazermos essa avaliação e o diagnóstico de doenças”, expõe a hematologista.
Cuidados na rotina
A universitária de 19 anos, Julia Freitas, foi ensinada desde cedo, tanto pela mãe, quanto por ginecologistas, a observar a coloração do sangue ao menstruar, pois é um meio que o corpo utiliza para manifestar algo que esteja acontecendo. “Hoje em dia muitos médicos da área também tem buscado conscientizar as mulheres através das redes sociais, o que é algo de extrema importância”, menciona.
Ela ressalta que “é muito importante que cada mulher saiba entender seu corpo pelo bem de sua saúde”. Julia acrescenta que esse foi um dos motivos que a fez passar a usar o coletor menstrual para a melhor observação do estado sangue, diferente de absorventes comuns, pois observar características anormais é essencial para a prevenção e tratamentos de doenças e o cuidado com a saúde.