Sintomas alertam cérebro sobre infecções e alergias

In Geral, Saúde

Os sintomas não são totalmente vilões; na verdade, ajudam o corpo a lutar contra os germes e a se recuperar.

Pamela Piassa

Cientistas identificaram em camundongos, um grupo de neurônios que desempenha um papel crucial na comunicação entre as vias aéreas e o cérebro durante infecções por gripe. Esses neurônios são responsáveis por alertar sobre a presença do vírus, resultando em uma diminuição do movimento, da fome e da sede, como parte da resposta do organismo à infecção.

A pesquisa, publicada na revista Nature, revelou que, além do primeiro caminho de sinalização, um segundo trajeto dos pulmões para o cérebro é ativado em fases mais avançadas da infecção. Essa descoberta sobre a sinalização neural pode ter implicações importantes para o estudo de gripes e resfriados, assim como suas consequências no corpo. 

As causas e o desenvolvimento das infecções

As infecções são causadas por microrganismos que invadem o corpo e vão se multiplicando. Esses organismos podem entrar através da boca, nariz, olhos, feridas, picadas de insetos ou por meio de dispositivos médicos contaminados. Muitas vezes, as pessoas também contraem infecções ao ingerir água ou alimentos contaminados, ou ao inalar gotículas expelidas por outras pessoas.

Uma vez dentro do corpo, os microrganismos precisam se multiplicar para causar infecção. Isso pode levar a três cenários: eles podem superar as defesas do corpo, alcançar um estado de equilíbrio e causar infecções crônicas, ou serem eliminados pelo sistema imunológico. 

O papel dos sintomas 

A doutora Brianna Nicoletti, alergista e imunologista do Hospital Albert Einstein, afirma que o reconhecimento do microrganismo, seja vírus, bactéria ou fungo, ativa uma resposta imunológica local. As células que reconhecem esses patógenos levam a informação para os linfócitos B, que atuam como células maestro na resposta.

“Quando os linfócitos B são ativados, eles liberam mediadores inflamatórios que ativam os linfócitos T, essenciais para a resposta imune. É importante ressaltar que a resposta a diferentes micro-organismos pode variar, ativando diferentes tipos de resposta imune”, explica a doutora. 

Os sintomas, como febre, dor e fadiga, são respostas do corpo que ajudam a combater as bactérias. A febre, por exemplo, pode dificultar a sobrevivência do vírus, enquanto a dor e o mal-estar incentivam o descanso, permitindo que o corpo se recupere.

Embora os sintomas sejam desconfortáveis, eles fazem parte do processo natural de defesa do organismo, indicando que o sistema imunológico está ativo e trabalhando para restaurar a saúde. Em resumo, os sintomas são uma forma do corpo se proteger e se curar, mesmo que isso signifique passar por períodos de desconforto. 

“Neblina mental”

A neblina mental, um sintoma recorrente associado às infecções e reações alérgicas, pode acontecer tanto como um sinal da patologia em si, quanto como um efeito colateral dos tratamentos. Sua manifestação pode ser antes, durante ou após a doença, dependendo do contexto.

Também conhecida como névoa cerebral, essa condição causa confusão cognitiva, dificuldade de concentração e problemas de memória. Isso pode afetar a qualidade de vida e a realização de atividades diárias, variando em intensidade e duração de pessoa para pessoa.

A especialista em alergia e imunologia, Brianna Nicoletti, ressalta que a névoa cerebral está ligada ao tipo e à quantidade de mediadores inflamatórios liberados no organismo. “Na COVID-19, observamos um excesso de interleucina 8, o que certamente está relacionado ao problema, já que esses mediadores afetam o corpo de forma sistêmica”, afirma a especialista. 

A relação entre mediadores inflamatórios e a neblina mental é, portanto, significativa. Os mediadores inflamatórios, como as interleucinas, não apenas combatem infecções, mas também podem impactar a função cognitiva.

Reações alérgicas graves também demonstram como a inflamação sistêmica pode afetar o sistema nervoso central. “Esses efeitos resultam em confusão mental, desmaios e outros sintomas. Eles são mediados por substâncias como a histamina e o cortisol”, acrescenta Brianna. 

Esse tipo de revelação, permite uma melhor compreensão de como gripes e resfriados afetam o corpo e a mente, revelando a interconexão entre nosso sistema imunológico e a função cognitiva.

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