Chumbo, arsênico, mercúrio e cádmio estão presentes nos alimentos dos bebês e preocupam a Organização Mundial da Saúde.
Monise Almeida
A falta de cautela na escolha da alimentação para os bebês, pode trazer exposição a produtos químicos neurotóxicos e prejuízos à saúde. Conforme um estudo pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, 94% das comidas infantis industrializadas e papinhas caseiras feitas de alimentos crus comprados, contém quantidades detectáveis de um ou mais metais pesados.
Chumbo, arsênio, cádmio, mercúrio, são alguns deles. Esses elementos químicos, com alta densidade e tóxicos em baixas doses estão no solo, água e no ar. Ou seja, contaminantes onipresentes no meio ambiente. Conforme a nutricionista Gislene Lima, impedir a ingestão dos mesmos é inevitável. “É muito difícil não estarmos à mercê dos perigos dos metais pesados no nosso organismo. Consumimos eles através de qualquer alimento que teve contato com essas substâncias nocivas. Seja desde o plantio, fabricação, armazenamento ou até na higienização na própria casa”, explica.
Alimentos que os bebês costumam comer como: grãos, frutas, legumes, lanches, cereais e bolos de arroz foram testados por pesquisadores da Healthy Babies, Bright Futures. Eles constataram que 95% dos alimentos para bebês comprados em lojas continham chumbo, 73% continham arsênico, 75% continham cádmio e 32% continham mercúrio. Um quarto dos alimentos deste relatório de 2019 continha todos os quatro metais pesados. Contradizendo o pensamento popular, não há diferença em ir atrás de lojas de agricultores ou no mercado, no quesito exposição a metais tóxicos.
O estudo ainda expõe que o consumo desses metais na infância, pode trazer uma grave consequência no futuro. “A exposição a metais tóxicos pode ser prejudicial ao cérebro em desenvolvimento. Tem sido associada a problemas de aprendizagem, cognição e comportamento”, expõe a pesquisa.
Diante desses dados os pais ficam preocupados e por vezes sem saber o que fazer. Gabriele Pinheiro, que tem uma filha de 1 ano e meio, expressa sua angústia. “Me sinto com as mãos atadas, pois as indústrias estão cada vez mais introduzindo essas toxinas nas refeições que deveriam ser próprias para nossos filhos comerem”, afirma.
O que mais a perturba é saber que o crescimento de sua filha está comprometido. “Sabemos que os metais pesados atrapalham funções primárias dos nossos pequenos como: cognitivas, motoras, aprendizagem e até comportamental”, acredita a mãe.
A médica Regiane Ruella reforçou que os prejuízos são de médio, curto e longo prazo nos bebês que ingerem constantemente esses produtos. “Pode afetar no desenvolvimento completo. Tanto intelectual, quanto cognitiva e estrutural do cérebro. Como se trata de metais pesados, podem gerar lesões nos fígados, nos rins e ao longo prazo até alterações hormonais geral da criança, principalmente se a exposição for frequente”, alarma Regiane.
O que fazer então?
Parece ser um problema sem solução. Porém, por mais que seja impossível tirar todas as toxinas dos alimentos ingeridos no dia a dia, a nutricionista Gislene Lima conta que a escolha certa de alguns alimentos e a preparação pode diminuir esse impacto. “Existe uma maneira natural de ajudar a proteger e eliminar essas toxinas do nosso corpo por meio da alimentação. A única coisa que podemos fazer é no produto final em casa. Onde devemos lavar e higienizar de forma adequada, evitar enlatados e usar produtos orgânicos que são não isentos mas minimizados nesses metais e toxinas”, esclarece.