De acordo com a Defesa Civil do estado, são mais de 630 mil pessoas afetadas pela vazante.
Diogo Cruz
A seca que assola o estado de Manaus está se tornando uma das maiores da história. Desde o último domingo (22), a cota do Rio Negro está abaixo dos 13 metros e ultrapassou o recorde de 2010. De acordo com a Defesa Civil, o número de pessoas afetadas passa de 630 mil, 158 mil famílias foram afetadas pela seca deste ano. Em razão da estiagem, o governador Wilson Lima decretou, em setembro, situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado.
Em Manaus, a seca é a pior registrada em 121 anos. A cota do Rio Negro, nesta segunda-feira, estava em 12,89m, a menor desde 1902, quando começaram as medições do volume do rio. O recorde de alta já medido foi de 30,02 metros em 16 de junho de 2021.
Relatos de quem enfrenta a seca
Graciele é moradora da comunidade Igarapé. Através de um vídeo produzido pela ong SOS Amazonas, ela explicou que a falta de água dificulta em sua vida desde o preparo dos alimentos até a própria manutenção para os outros afazeres domésticos e diários. “Atualmente eu preciso andar muito para ir até a boca do rio lavar roupa e fazer comida”, relata.
De acordo com Carlos Lima Pereira, responsável pela Defesa Civil da cidade de Jutaí, a 750 quilômetros de Manaus, 140 comunidades estão passando por dificuldades. A maior dificuldade é com a água. Ações estão sendo realizadas para ajudar a comunidade. Segundo os moradores, são precisos itens como: mangueira, caixa e motobomba, esses materiais segundo os moradores são importantes para pegar água.
José Antônio é morador de Manaus, ele trabalha no porto São Raimundo que fica localizado no bairro da Compensa. Antônio revela que uma das principais dificuldades é o transporte, pois a distância entre o início de onde estão os barcos é muito longe e dificulta o seu trabalho. “É muito lixo no local, o que faz com que as pessoas nem venham comer aqui”, relata.
Ações nessa seca
O Governo do Amazonas registrou na quinta 12/10 a entrega de itens básicos três mil cestas básicas a famílias de Manacapuru, Caapiranga e Manaquiri. Nos próximos dias, o planejamento de entregas deverá contemplar os municípios Alvarães, Silves, Coari, Fonte Boa, Japurá, Maraã e Tefé, assim como as cidades localizadas na calha do Alto Solimões.
A ajuda humanitária faz parte das ações do Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental, instituído pelo governador Wilson Lima. Já foram transportadas cerca de 30 mil cestas básicas e 42 mil garrafas de água potável para o interior.
O advogado Andrews Martins Siqueira trabalha em um escritório de advocacia no qual tem contato com muitas famílias ribeirinhas e é responsável pela ação social SOS Seca Am, ele conta que o projeto foi desenvolvido depois que ouviu alguns relatos e pedidos de ajuda dos seus clientes. Como manauara, Andrews juntou os seus amigos e desenvolveu o projeto que ajuda famílias que estão em situação de calamidade.
Foto: Thiago Oliver