Emanuely Miranda
Pacientes com vitiligo encaram um processo de aceitação da doença e redescobrimento da beleza
Vitiligo é uma doença causada pela destruição dos melanócitos, ou seja, células responsáveis pela formação de melanina. Como consequência, manchas brancas se espalham pela pele do portador. Não existem tratamentos que possam solucionar o problema por completo.
A dermatologista da clínica Vivace, Kaliandra Cainelli, explica que a fototerapia pode estimular a pigmentação e, com isso, retardar o branqueamento. Também é possível retirar a pele de uma parte do corpo e coloca-la na área com vitiligo. “Pacientes com mais de 50% do corpo acometido podem realizar o tratamento de despigmentação completa”, afirma.
Em todo caso, a cura é inalcançável. Aqueles que possuem vitiligo estão fadados a tê-lo pelo resto da vida. Essa situação causa desconforto e baixa autoestima. A youtuber Cristina Bonfim e a blogueira Bruna Sanches passaram por um duro processo de aceitação.
Cristina descobriu a doença quando tinha 16 anos. Para ela, essa fase foi extremamente crítica porque, naturalmente, a adolescência envolve descobertas e insegurança. Ter um problema que afeta diretamente a aparência maximiza os dilemas desse período. “Eu acordava cedo para passar maquiagem e tentar esconder as marcas”, confessa.
Diante do espelho, Cristina enxergava apenas as manchas e não se percebia como era de fato. Hoje, após três anos desde o diagnóstico, ela finalmente fica satisfeita quando encara seu reflexo. “Eu não amo o vitiligo, mas já não me incomoda mais”, declara. A youtuber começou a gostar de si mesma exatamente do jeito que era. Inclusive, a doença foi crucial para que ela aceitasse as demais características que outrora não apreciava. “A partir do momento que eu tive algo de errado com meu rosto, comecei a perceber as coisas boas que havia nele”, relata. Sua beleza fora descoberta.
Bruna também teve que redescobrir o quanto era bonita. “Quando houve a constatação da doença, entrei em desespero e chorei muito. Achei que tinha perdido o controle do meu corpo”, relembra. Aos poucos, com a ajuda da família e amigos, começou a encarar o vitiligo com outros olhos.
Sua mãe, poeticamente, comparava as manchas brancas espelhadas pelo corpo com nuvens espalhadas pelo céu. Através da fotografia, Bruna fez arte com a dor. As imagens registradas despertaram interesse e admiração das pessoas e todos começaram a pedir que a fotógrafa amadora fizesse um blog. Bruna postergou a ideia por muito tempo, mas em junho do ano passado o Minha Segunda Pele nasceu.
Desde então, Bruna tem recebido muitas mensagens de pessoas que se identificam com a dureza do processo de aceitação e vislumbram nela um exemplo. “Cada vez mais tenho orgulho de ter vitiligo. Fiquei mais forte por causa dele. Diz muito sobre mim”, finaliza.
Link da imagem: Minha Segunda Pele