Apesar da escassez hídrica, as quedas apresentam evasão muito superior aos últimos meses.
Paula Orling
As Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, representam uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo e são um ponto turístico icônico para a América Latina. As quedas se localizam na fronteira de três países: Argentina, Brasil e Paraguai. Anualmente, esta atração recebe milhões de famílias que buscam contato com a natureza e experiências incomuns, como passeios de barco e encontro com animais silvestres.
Apesar do interesse dos turistas, de fevereiro a outubro deste ano, as quedas d’água sofreram com a escassez hídrica nacional, situação que representou diminuição da evasão da água. Para a alegria de quem depende do turismo, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) afirmou na terça-feira (5) que, no início deste mês, a vazão hídrica das cataratas chegou a 2,8 milhões de litros por segundo, quantidade que equivale a quase o dobro do volume comum. Essa mudança aconteceu devido às chuvas constantes nos últimos dias.
A escassez hídrica dos meses anteriores foi causada por uma série de fatores naturais e urbanos, como, o escoamento incorreto, a redução dos níveis pluviais e o próprio aquecimento global. Esta situação afetou não somente a região oeste paranaense, como também outras regiões do Brasil.
O geógrafo José Antônio Aguiar explica a influência dos ciclos de massas de ar polares na estiagem. “A Antártida tem um ciclo de congelamento e resfriamento e é de lá que saem as massas polares que entram na América do Sul. Quando ocorre um ciclo de resfriamento, a tendência das massas polares chegarem aqui com uma composição mais seca, porque, à medida que a temperatura cai, a tendência é que chegue ar seco no território nacional. Isso causa a falta de chuvas”, afirma o especialista.
Apesar da seca nacional, o estado do Paraná sofreu com chuvas contínuas nas últimas semanas, alterando as condições fluviais. O geógrafo ainda esclarece que o abastecimento das cataratas é manipulado pela abertura e pelo fechamento do reservatório da usina de Itaipu.
Além disso, o volume hídrico das cataratas depende não apenas das chuvas na cidade de Foz do Iguaçu, onde as quedas d’água brasileiras se localizam. As chuvas de diversas cidades paranaenses também influenciam no volume hídrico das quedas, já que abastecem o rio que desemboca nas cachoeiras. As chuvas abastecem os rios Iraí e Atuba que, por sua vez, desembocam no rio Paraná, o qual deságua nas Cataratas do Iguaçu.
Ao visitar as cataratas pela terceira vez, o turista Samuel Henrique Silva comenta que percebeu a diferença no volume hídrico das quedas. “As cataratas estavam muito mais cheias do que meses atrás e a força da água também era muito grande. Por conta da chuva, tinha muito barro, mesmo assim foi muito legal visitar o lugar e aproveitar o dia lá”, completa.