Cidades brasileiras registram agrotóxicos na água

In Geral, Meio Ambiente

Os agrotóxicos na água podem causar problemas respiratórios, infertilidade e até o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

Sara Helane

Municípios brasileiros registram 27 agrotóxicos na água, segundo o relatório do sistema de vigilância do Ministério da Saúde (Sisagua). O levantamento ainda apontou que 210 cidades do país possuem quantidades de agrotóxicos acima do limite permitido. A maioria das cidades se encontram nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Tocantins.

Os agrotóxicos, segundo a Lei Federal nº 7802,  podem ser definidos como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso no setor de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas.  Além disso, eles podem ser utilizados nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas, como também em ambientes urbanos, hídricos e industriais. 

O farmacêutico e perito toxicologista, Diego Rissi Carvalhosa, aponta que as principais fontes de contaminação por agrotóxicos são as aplicações realizadas nas culturas agrícolas que contaminam o ar, o solo e consequentemente as águas. Além disso, segundo ele, esses agrotóxicos podem trazer consequências para a saúde dos consumidores. 

Agrotóxicos na água

O toxicologista explica que componentes químicos como os agrotóxicos podem ter diversas finalidades. “Seja alterar a composição da flora ou da fauna a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, assim como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento”, declara. 

Para identificar a quantidade de agrotóxicos presentes na água, foram realizados 306.521 testes consistentes em 2.445 cidades do país. Segundo o toxicologista, o Ministério da Saúde possui critérios para a quantidade mínima de substâncias químicas que podem estar presentes na água que é distribuída para a população.

Carvalhosa ainda explica que os riscos do consumo desses componentes químicos dependem da classe química do agrotóxico, mas de uma forma geral, boa parte são tóxicos aos seres humanos, tanto do ponto de vista da exposição aguda quanto na exposição crônica. “Essa toxicidade pode causar efeitos como alterações hematológicas, problemas respiratórios, alterações endócrinas e neurotoxicidade, infertilidade e, com maior preocupação, risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer”, diz.

Cidades Brasileiras

As cinco cidades brasileiras que registraram maior quantidade de agrotóxicos na água são, respectivamente: Aruanã (GO), Paulistas (MG), Monte Mor (SP), Claro dos Poções (MG) e Ibertioga (MG), segundo as informações  publicadas no Painel do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do Ministério da Saúde em 2022.

Aruanã é a cidade que mais registrou testes com agrotóxicos acima do limite permitido e que podem ser perigosos para o consumo humano, com 17 testes no total. Nos estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo, o agrotóxico “endrin” obteve o maior número de testes acima do limite permitido. De acordo com o Ministério da Saúde, o uso deste agrotóxico é proibido no Brasil, pois seu consumo pode afetar o sistema nervoso e ocasionar convulsões e tremores.

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