Criatividade com Gisela Kassoy

In Entrevista

Lia Costa

Para conversar sobre criatividade entrevistamos a especialista em Criatividade e Inovação Gisela Kassoy que atua como consultora e palestrante sobre o assunto. Ela já realizou trabalhos em quase toso o país, além dos EUA, Europa e América Latina.

ABJ Notícias: Todos podem ser criativos e inovadores?

Gisela Kassoy: Todo mundo é criativo. Entretanto há diferentes tipos de criatividade. Se usarmos o conceito do pesquisador inglês Michael Kirton, podemos dividir a criatividade em dois tipos: a adaptadora (das pequenas coisas, dentro da conformidade) e a inovadora (das grandes ideias que quebram paradigmas e trazem mudanças efetivas). Assim, hápessoas que usam a criatividade para se adaptar ao mundo e tendem a melhorar, adaptar inovações e solucionar problemas. Também há as que mudam o mundo e que tendem a gerar inovações de impacto.
ABJ: O que é importante considerar para ser uma pessoa criativa?

Gisela: Costumo dizer que criar é como dançar: algumas pessoas nascem com o dom, outras apenas capazes de se mexer razoavelmente. Entretanto, aqueles que aprendem, desenvolvem e praticam a dança acabam dançando até melhor do que pessoas que nasceram com o dom e foram podadas desde a infância. Outro fator a ser considerado é o ambiente. Assim como é mais fácil dançar na balada do que no elevador, é mais fácil também criar num local onde há menos censura, onde o pensar diferente vai ser valorizado, onde o desejo de inovar é verdadeiro. Portanto, para reforçar a criatividade, é importante conhecer o processo criativo e também estar cercado de pessoas abertas e estimulantes.

ABJ: Por que as pessoas são mais criativas quando crianças?

Gisela: Podemos comparar a criatividade a um caleidoscópio, no qual as pedrinhas coloridas equivalem ao nosso conhecimento e a argola que a gente gira equivale à nossa imaginação. Nessa analogia, criatividade é a capacidade de recombinar o conhecimento para formar novas imagens. As crianças são mais livres para usar a imaginação, pois sofrem menos censura. Por outro lado, os adultos possuem mais conhecimento. O melhor dos mundos acontece quando conseguimos recombinar nosso conhecimento com uma postura de criança, ou seja, ludicamente e sem censura, pelo menos num primeiro momento.

ABJ: O hábito mina a criatividade e a inovação?

Gisela: Sim. Os hábitos dificultam a percepção de oportunidades e congelam o pensamento. Quanto mais praticamos ações rotineiras e/ou repetimos as mesmas coisas, mais difícil fica para o cérebro pensar de forma diferente. Um ótimo exercício para estimular a criatividade é justamente mudar os hábitos, visitar lugares diferentes, fazer algo totalmente inédito ou conversar com pessoas que agem e pensam de forma bem diferente da nossa.

ABJ: Qual a sua opinião sobre a criatividade das crianças da nova geração tecnológica?

Gisela: Estou acompanhando alguns estudos sobre o funcionamento da mente humana sem o uso da escrita a mão, com a redução dos relacionamentos presenciais e com a ascensão dos games. No entanto, os estudos são meio controversos. Não vi conclusões que me convencessem.

ABJ: A criatividade é capaz de tornar tudo possível?

Gisela: Depende do que se chama de possível. Um ser humano ainda não é capaz de sair voando sozinho, mas a criatividade aliada à tecnologia nos tornou capazes de pegarmos aviões.

ABJ: É possível dar dicas para estimular a criatividade? Existe uma receita?

 Gisela: Receita eu não diria, mas há dicas, com certeza. Já mencionei sair da rotina. Outro procedimento supersimples é se forçar a ter sempre mais de uma alternativa, nunca se contentar com a primeira. Há também técnicas específicas para estimular novas ideias, a mais conhecida é o Brainstorming- que consiste em forçar a mente a gerar o maior número possível de ideias para depois selecioná-las. Nosso cérebro está programado para memorizar e não para pensar diferente. Ideias podem surgir sempre, mas utilizar as técnicas garante que elas surgirão quando precisarmos delas.

Link da imagem: https://goo.gl/ifkNqO

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