Deflação é registrada pela primeira vez desde 2020

In Economia, Geral
Deflação

IPCA teve queda de 0,68% em Julho, menor taxa desde 1980.

Lana Bianchessi

A primeira deflação em mais de dois anos foi registrada na sexta-feira (9 de setembro), com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuando 0,68% em comparação com julho, a menor taxa desde 1980. 

Deflação é quando há queda generalizada de preços em um determinado período de tempo, o oposto de inflação. O IPCA é usado para medir as variações de preços a partir de produtos escolhidos que correspondem aos hábitos de consumo da população. O recuo desse índice indica que os valores de determinados itens caíram em julho, na comparação com o mês de junho.  

Fonte: IBGE

Fatores que geram a deflação

Existem diversos fatores que explicam a deflação, sendo os dois principais:

  • Quando existe uma baixa de produtos maior que o consumo da comunidade e assim, os preços precisam de uma correção para atrair mais consumidores;
  • Quando precisa refletir as medidas de política monetária para conter as condições inflacionárias, sendo a mais importante a elevação das taxas de juros. Para isso, é necessário aumentar o custo dos empréstimos e reduzir a circulação do dinheiro na economia, o que também leva a uma menor demanda, que por sua vez leva a preços mais baixos dos produtos.

O Economista e professor da PUC- Campinas, Pedro de Miranda Costa, diz que em geral, quando se tem a deflação, é um sinal de que as coisas não estão indo muito bem. “Deflação geralmente aparece em momentos de crise econômica quando o nível de consumo cai muito e em muitos momentos a deflação não é algo a ser comemorado”, explica ele. 

Classes Sociais 

O economista explica que nem todas as classes sociais conseguem sentir a diferença dessa deflação por conta da diversidade de consumo.

Para famílias de baixa renda, o indicador do IPEA, de -0,12%, não foi muito sentido devido ao aumento de 2,7% nos itens de higiene pessoal. Já os brasileiros com renda alta sentiram uma variação de -0,51%. O impacto vem principalmente por causa dos transportes, com quedas de 11,6% na gasolina, 8,7% no etanol e 12,1% nas passagens aéreas.

“Quem não tem carro e gasta a maior parte da sua renda familiar com itens essenciais, contemplando alimentos e higiene pessoal, não está sentindo diretamente esse efeito de redução de preço da mesma maneira. Porém, quando existe um aumento de combustível, isso indiretamente vai repercutir em outras coisas, o que faz com que outros produtos subam no valor”, acrescenta ele.

Os preços dos transportes diminuíram, por consequência do projeto de lei que estabelece um teto para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, sancionado no dia 23 de Junho pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

“Quando existe uma redução nos preços dos transportes, espera-se que pelo menos isso evite uma alta maior no período seguinte no preço de outros produtos”, salienta o economista. 

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