Economia do Brasil é a sexta que mais cresce entre os países do G20

In Economia, Geral

A principal influência para o crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano foi o aumento da renda, impulsionado por políticas seguidas.

Vefiola Shaka  

A economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre comparado com o ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso coloca o país em 6º lugar entre as economias do G20 que mais tiveram crescimento neste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre superou em meio ponto percentual as previsões dos economistas, que esperavam um aumento de 0,9%. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de 3,3%.

O Brasil teve um desempenho inferior apenas em relação à Índia, Indonésia, China, Rússia e Estados Unidos, e teve um crescimento equivalente ao da Turquia. Países como Coreia do Sul, Canadá, México, França, Itália e Reino Unido, além da zona do euro como um todo, apresentaram um crescimento mais baixo que o do Brasil.

O IBGE também revelou que, no trimestre que terminou em julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, com 7,4 milhões de pessoas sem emprego. Este é o nível mais baixo de desemprego registrado para esse período desde que o instituto começou a coletar dados, em 2012. Diante das sucessivas boas notícias sobre a economia, os economistas têm ajustado para cima suas previsões de crescimento do PIB para 2024.

Os fatores do crescimento 

Bruno Mota, professor de economia e mestre em desenvolvimento regional e urbano, explica quais são os fatores deste crescimento do PIB no país. Em 2023, o consumo das famílias representou 63,5% do PIB, tornando-se a rubrica mais significativa e o vetor mais importante para o crescimento do Produto Nacional. Em termos absolutos, o consumo das famílias atingiu R$ 6,7 trilhões em 2023, segundo dados do IBGE, demonstrando sua expressividade na economia brasileira. 

“O crescimento robusto do consumo das famílias em 2024 é resultado de uma combinação de fatores: a) um mercado de trabalho mais aquecido, ganhos reais no salário mínimo e nos benefícios previdenciários,aumento nos valores dos benefícios sociais e outras despesas públicas realizadas pelo governo”, explica Bruno Mota. 

Segundo o Ministério do Trabalho, foram criados 1,3 milhão de empregos formais nos seis primeiros meses de 2024, representando um aumento de 26,2% em comparação ao mesmo período de 2023. Segundo Bruno, esses foram os melhores seis primeiros meses para a geração de empregos desde 2022, quando foram criadas 1,39 milhão de vagas formais. O setor de serviços liderou as contratações, seguido pelo comércio e pela indústria. 

Outro fator importante para o expressivo crescimento do PIB no segundo trimestre foi a política do governo atual de conceder aumentos no salário mínimo, recursos previdenciários e benefícios sociais (como o Bolsa Família) acima da inflação. O economista conta que este ciclo virtuoso de crescimento no segundo trimestre significou mais pessoas empregadas, com renda e consumindo. “O aumento da renda real acima da inflação, aliado ao maior consumo, impactou positivamente o PIB trimestral, demonstrando a importância do consumo das famílias para o desempenho econômico do país”, pondera. 

O desempenho do Brasil

O professor Bruno Mota afirma que o desempenho da economia brasileira registrado no segundo trimestre é um reflexo significativo das políticas fiscais implementadas pelo governo atual. Essas ações resultaram em aumento da renda e subsequente crescimento no consumo das famílias,um componente crucial do PIB brasileiro, que representa 63,5% do total—e influenciaram positivamente o crescimento do produto nacional.

Ao observar as projeções de crescimento do PIB brasileiro em relação aos países do G20, o educador financeiro conta sobre o quão evidente é a necessidade do país para acompanhar as economias que estão se expandindo mais rapidamente. “O desempenho robusto em países como Índia e China destaca a necessidade urgente de reformas estruturais e investimentos sustentáveis que possam alavancar a economia brasileira”, adiciona.

Redução do desemprego: sinal de recuperação sustentável?

A redução da taxa de desemprego traz impactos positivos tanto no consumo quanto no investimento. Segundo a economista e CEO da Transfomasie – Inteligência Financeira, Izabel Rocha, com mais pessoas empregadas, há um aumento na renda disponível das famílias, o que tende a impulsionar o consumo de bens e serviços, fortalecendo setores como varejo, alimentos, vestuário e eletrodomésticos. “O setor de serviços também costuma se beneficiar, já que os consumidores tendem a gastar mais em lazer e entretenimento à medida que a confiança econômica aumenta”, pontua.

Izabel mostra que embora a queda no desemprego seja um bom sinal de recuperação, o mercado de trabalho brasileiro ainda enfrenta desafios estruturais. Muitos empregos gerados podem ser de baixa qualidade ou informais, com salários menores e pouca proteção social. Segundo a CEO, um outro desafio é que apesar da queda no desemprego, o crescimento da produtividade ainda é lento, o que limita o crescimento econômico de longo prazo.

“Há também uma preocupação com a pressão inflacionária. À medida que o desemprego cai e o consumo aumenta, pode haver uma pressão sobre os preços, especialmente em setores onde a oferta é limitada”, ressalta. Esse é um dos fatores que pode forçar o Banco Central a ajustar a política monetária, potencialmente elevando as taxas de juros e desacelerando o crescimento econômico.

Previsões para o PIB de 2024

A economia global enfrenta uma possível desaceleração, com tensões geopolíticas, eleições norte-americanas, a inflação em grandes economias e a volatilidade nos mercados financeiros. “Esses fatores podem afetar o Brasil que ainda é dependente de exportações de commodities”, afirma Izabel.

A economista continua dizendo que no cenário doméstico, questões como reformas estruturais (especialmente a reforma tributária) e o controle fiscal continuam sendo desafios que podem impactar a confiança dos investidores. Além disso, a política de juros do Banco Central, em resposta à inflação, será crucial para manter o equilíbrio entre crescimento econômico e estabilidade de preços.

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