Grupos da oposição realizam protestos em Cuba

In Geral, Mundo

Marcha pró-democracia conquistou as ruas de Havana, capital cubana.

Lucas Pazzaglini

A “Marcha Cívica pela Mudança”, uma organização de protestos pró-democracia, tomou as ruas de Cuba no dia 15 de novembro. Os atos, que foram proibidos pelo governo, reuniram manifestantes da oposição exigindo maior liberdade política e a libertação de ativistas presos nos protestos em julho.

As marchas, influenciadas pela grave crise econômica e restrições às liberdades civis, foram guiadas por gritos de “abaixo a ditadura” e “pátria é vida”. As manifestações foram proibidas pelo governo, sob a justificativa de que os atos são parte de uma campanha de desestabilização promovida pelos Estados Unidos. 

Os protestos seguem os de julho, considerados os maiores em décadas, que tiveram em pauta a falta de bens básicos e também a crise econômica. Segundo os grupos ativistas, centenas de pessoas presas nas manifestações, desse período, permanecem encarceradas.    

Intervenção governamental

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, transmitiu em todas as redes de rádio e televisão uma mensagem convocando os seguidores do governo para enfrentar os opositores.

“Convocamos todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a tomarem as ruas e irem aos lugares onde vão acontecer essas provocações, hoje, de agora em diante e em todos estes dias”, dizia a mensagem que influenciou dezenas de apoiadores a disputar espaço nas ruas de Havana e em alguma outras províncias.

Apesar da proibição imposta pelo governo, os organizadores incentivaram a qualquer um que quisesse protestar, que se junta-se à marcha usando roupas brancas, e a quem não pudesse sair de casa, foi incentivado que colocassem lençóis brancos na janela e fizessem panelaços. 

Grupos de policiais foram posicionados pelo calçadão litorâneo de Havana, e agentes de Segurança do Estado foram alocados em praças e parques usando trajes civis, para conter os manifestantes.

O governo cassou a credencial de cinco jornalistas da Agência Espanhola de Notícias, EFE, sem dar justificativas. Além disso, jornalistas independentes, promotores das manifestações e opositores disseram, através das redes sociais, terem sido bloqueados em suas casas por agentes do Estado.

Yunior Garcia Aguilera

O organizador dos protestos foi Yunior García Aguilera, que também teve sua casa cercada no dia do protesto, além do sinal de internet cortado e acesso apenas a chamadas restritas. O jovem dramaturgo saiu do país após as manifestações, em busca de refúgio na Espanha. Parceiros do ativista ficaram preocupados com seu após o silêncio do artista nas redes.

Em uma postagem no Facebook, Garcia informou sua chegada à Espanha, no dia 17 de novembro, e agradeceu a todos que contribuíram para que sua viagem fosse possível. Yunior se tornou fundamental para os protestos após seu apoio aos eventos que ocorreram no mês de julho.   

Reabertura do turismo

O dia das manifestações também marcou a reabertura das fronteiras para os turistas. A impossibilidade do turismo por quase 2 anos contribuiu fortemente para a crise econômica do país, umas das principais pautas apresentadas pelos manifestantes.

O turismo movimenta cerca de 2,5 bilhões de dólares por ano no país. Apresentando uma recaída desde o ano de ano de 2019, após restrições impostas pelo governo estadunidense, o fechamento das fronteiras contribuiu para a contração de 13% do Produto Interno Bruto, PIB, cubano.

A Assembleia Nacional do Poder Popular, ANPP, apresentou um relatório em outubro de 2021, constatando que ao final de setembro já haviam sido arrecadados 60% das receitas em moedas estrangeiras, estabelecidas pelo plano nacional. O relatório também relembrou a perda de mais de 2,4 bilhões de dólares que o país sofreu em 2020.   

A entrada no país pelos viajantes têm sido de forma gradual e existem protocolos sanitários a serem seguidos. Os brasileiros que quiserem entrar em Cuba devem estar completamente vacinados contra a Covid-19 além de apresentar o certificado de vacinação.

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