O aumento é benéfico para o mercado financeiro e futuros resultados econômicos.
Nátaly Nunes
A ideia de que os jovens são irresponsáveis e descontrolados com o dinheiro vem ficando para trás cada vez mais. Segundo dados da B3, empresa de infraestrutura de mercado financeiro, no ano de 2019, o total de jovens investidores entre 15 e 26 anos era de 172.585, já em setembro de 2024 esse número passa de 660 mil.
A praticidade e o acesso a internet possibilitou que a geração Z conhecesse com mais facilidade o mundo dos investimentos. A busca pela independência financeira levou os jovens a se interessarem pela opção dessa ferramenta.
O tempo
“Foi quando eu estava no meu segundo ano do ensino médio que depois de ler alguns livros de empreendedorismo, fiquei interessado e comecei a estudar o assunto”, conta Otávio Augusto, de 22 anos, que sempre gostou de empreender e visava sua liberdade financeira no futuro. No ensino médio ele começou a pesquisar, leu livros, assistia vídeos no YouTube, chegou a comprar alguns cursos. Aos 18 anos já tinha sua conta na corretora com seu nome e começou a investir.
O economista Evaldo Heiderich relata que quanto mais jovem melhor para começar a investir e que o tempo é a variável mais importante quando o assunto é investimentos. “Quanto mais cedo você tem o hábito de investir, maior será o resultado que você vai alcançar. Esse é o primeiro ponto. Então, o tempo de investimento é mais importante do que taxa de juros, taxa de retorno, é mais importante até do que as escolhas de investimento que alguém faz”, afirma.
Por onde começar?
Para quem está começando a investir, Evaldo indica três investimentos. Fácil de encontrar, estando nos principais bancos, o CDB de liquidez diária pode ser uma opção. “Ele é um investimento interessante para a reserva de oportunidade. O que é isso? você vai acumulando ali naquela reserva de oportunidade, até que apareça uma oportunidade melhor. Aí você tem de onde tirar”, indica.
Como segunda opção, o Tesouro Direto. “Dentre todas as modalidades, o Tesouro Direto Selic é aquele que oferece menor risco e tem uma rentabilidade, um retorno razoável”, completa o economista, explicando que o Tesouro Direto é aconselhado aos jovens que precisam mais de uma reserva de oportunidade do que de reserva de emergência.
Por fim, a Renda Variável. Esse é recomendado para quem já iniciou no mundo dos investimentos tendo conhecimento dos riscos envolvidos. “É uma excelente oportunidade de participar de ganhos do mercado imobiliário a partir de pequenas quantias. Então, com menos de 10 reais a pessoa já consegue comprar uma cota de fundo imobiliário muito bem gerido”, declara.
Os objetivos
Aos 21 anos Luan Sanches, estudante de economia, despertou seu interesse pelos investimentos quando entrou na faculdade. Um dos principais objetivos dessa atitude é conseguir ajudar seus pais no futuro. “Com as recentes reformas previdenciárias e o peso crescente da dívida pública ligada à previdência, percebi a necessidade de buscar formas mais eficazes de poupar e investir, visando garantir a aposentadoria dos meus pais”, relata.
Durante as aulas de macroeconomia, Luan aprendeu que o Brasil possui uma baixa taxa de poupança que acarreta um sistema de aposentadoria público insustentável ao longo prazo. “O modelo atual, onde os trabalhadores ativos financiam os aposentados, está desequilibrado devido ao aumento da expectativa de vida e à redução da base de contribuintes”, conclui.
