Renilse Cunha
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) revelou um aumento significativo do número de pessoas vegetarianas. Os dados divulgados mostram que 17% da população declarara ter eliminado a carne do cardápio até o ano passado. O regime alimentar baseado no consumo de vegetais contribui para a conservação do meio ambiente, motivo que tem levado muitos brasileiros a optarem por um estilo de vida mais sustentável.
Na atividade pecuária, é comum o desmatamento de grandes áreas. Isso provoca a redução da biodiversidade, além da perda de nutrientes do solo. A engenheira agrícola e ambiental Janielle Pereira também alerta sobre a grande quantidade de água gasta na agropecuária. “Para processar uma carcaça de frango, gasta-se cerca de 12 litros de água; o abate de um suíno gasta aproximadamente mil; e, de um bovino, mais de dois mil litros”, esclarece. Embora esses prejuízos já sejam significativos para o ecossistema, ainda existem outros danos que ameaçam a vida no planeta. “A produção de efluentes [resíduos] em excesso, impregnados de fertilizantes, urina, fezes, defensivos agrícolas, antibióticos e hormônios, podem contaminar o solo e os corpos hídricos quando não são adequadamente tratados”, explica a engenheira. É preciso lembrar que esses efluentes tóxicos podem gerar problemas de saúde pública, já que causam diversas doenças.
Mas, afinal, o que fazer para ajudar o planeta? Como podemos impedir o aquecimento global? Existe uma solução? Uma das principais medidas que contribuem para o meio ambiente é a opção por uma alimentação vegetal, ou, pelo menos a redução no consumo de carne para uma ou duas vezes por semana. O cardápio vegetariano já é uma alternativa bem vista por muitos brasileiros, que, preocupados com o ecossistema, tem escolhido gastar menos com as carnes. A especialista em nutrição clínica Michelle Fernandes esclarece que não há perigo se, ao tirar a proteína animal das refeições, a substituirmos por vegetais. Por isso, diversidade na hora de comer é essencial. “O prato com alimentos coloridos atinge vários tipos de vitaminas e minerais. Então, se você está com alimentos de vários grupos, a possibilidade de aumentar o consumo de nutrientes diferentes é maior”, explica.
A arquiteta Bianca Mauri tem, aos poucos, aderido ao vegetarianismo. A urgência por mudanças em defesa do meio ambiente foi sua principal motivação. Mesmo não sendo capaz de transformar sozinha todo o quadro de destruição no planeta, ela não quer ser mais um a destruí-lo. “Sei que não vou alterar todo o sistema sozinha, mas não quero fazer parte dele”, desabafa. Embora a alimentação a base de vegetais seja benéfica, não é uma ideia que agrade o paladar de muitos brasileiros. Para a arquiteta, que sempre consumiu carne, a mudança não tem sido fácil. “Ainda tenho água na boca com alguns cheiros. Há alguns anos comecei a reduzir o consumo de carne. Primeiro as processadas, depois carne vermelha e branca. Tem alguns meses que não como nenhum tipo, e vou ao médico para não ter problemas”, relata.
Além da dieta vegetariana, existem outras práticas sustentáveis que ajudam a minimizar os impactos ambientais, como redução do desperdício de água e energia, optar por ir de bicicleta ao trabalho, reutilizar produtos, separar materiais recicláveis e descartá-los em centros de coleta e economizar papel.