Mulheres com endometriose têm maior risco de doenças cardíacas 

In Geral, Saúde

Pesquisa internacional aponta ligação entre a condição ginecológica e maior probabilidade de complicações cardiovasculares.

Amanda Talita

Um estudo divulgado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) traz um alerta para as mulheres que sofrem de endometriose. A pesquisa revelou que elas possuem um risco 20% maior de desenvolver doenças cardiovasculares, como infartos, derrames e insuficiência cardíaca, em comparação com a população feminina geral. A descoberta acendeu um sinal vermelho sobre a necessidade de cuidados especiais para esse grupo.

O estudo baseou-se em dados de aproximadamente 300 mil mulheres dinamarquesas, coletados entre 1977 e 2021. Ele comparou mulheres com endometriose, com aquelas que não sofrem da doença. As participantes foram monitoradas por períodos de 16 a 45 anos. 

Entendendo a endometriose

A endometriose é uma doença inflamatória que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade fértil. Isso ocorre quando o tecido dentro do útero, chamado endométrio, cresce fora dos órgãos e atinge áreas como os ovários e as trompas de falópio. 

A doença é conhecida principalmente por seus sintomas dolorosos e por sua associação com problemas de fertilidade. No entanto, novas descobertas sugerem que as consequências podem ser mais graves.

“Descobri quando estava grávida porque o risco era alto e havia descolamento prematuro da placenta. Mas eu tenho desde a adolescência, mas minha mãe não imaginava que fosse assim. Minha menstruação sempre tem fluxo intenso, cólicas fortes, dores de cabeça, enxaquecas”, disse Adriana Oliveira, portadora da doença.

“Minha gravidez foi um dos meus maiores impactos, tive que ir várias vezes ao pronto-socorro por causa de sangramento, estava anêmica. Passei por muitos tratamentos, anticoncepcionais, injeções, DIL e outros até que em 2023 fiz uma histerectomia”, completou.

Principais descobertas do estudo

O estudo detalha que a inflamação pode prejudicar a saúde dos vasos sanguíneos ao longo do tempo, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardíacas, como o infarto. Além disso, a endometriose está relacionada a desequilíbrios hormonais, especialmente no estrogênio, e altos níveis desse hormônio podem impactar negativamente o sistema cardiovascular, aumentando o risco de problemas no coração.

Outro aspecto importante é que muitas mulheres com endometriose compartilham fatores de risco para doenças cardíacas, como o sedentarismo, estresse elevado e certas condições metabólicas. Além disso, o uso de terapias hormonais, comum no tratamento da endometriose, também pode aumentar o risco de formação de coágulos, o que contribui para um maior risco de infarto.

A combinação desses elementos – inflamação crônica, alterações hormonais, fatores de risco compartilhados e tratamentos – faz com que as mulheres com endometriose sejam mais suscetíveis a problemas cardíacos, como o infarto.

Depressão é fator de risco

A doutora Karina Pessoa, especialista em fertilidade, diz que o impacto psicológico da doença também pode contribuir para esse risco. “Como a endometriose é uma condição que não provoca apenas dor, mas também aumenta a ansiedade e o risco de depressão, já era esperado que houvesse uma associação com o aumento do risco de doenças cardiovasculares”, explica a ginecologista.

“No entanto, como não havia um embasamento científico sólido publicado anteriormente, agora é fundamental que associemos a rotina das mulheres com endometriose à prevenção de doenças cardíacas”, complementa a médica.

Segundo a Dra., as mulheres que sofrem de endometriose frequentemente enfrentam desafios em relação à qualidade de vida, devido à dor crônica e ao estresse emocional, o que pode desencadear ou agravar problemas de saúde mental. 

Essas dificuldades físicas, associadas ao impacto emocional de viver com uma doença crônica, aumentam o risco de transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade. “Por isso, é fundamental que o tratamento inclua não só o manejo da dor e os aspectos físicos, mas também suporte psicológico para lidar com os impactos emocionais e sociais da doença”, completou.

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