Segundo o Ministério da Saúde a vacina Qdenga mostrou uma eficácia de 76,1%.
Diogo Cruz
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por meio da Resolução-RE N 661/23, o registro de uma nova vacina para prevenção da dengue. A Qdenga, da empresa japonesa Takeda Pharma Ltda, é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, conferindo assim uma ampla proteção.
“O Brasil tem uma elevada prevalência de dengue e necessita de opções de vacinas eficazes e seguras para ajudar a gerir o ônus significativo da dengue no sistema de saúde e nas comunidades”, afirma José Manuel Caamaño, presidente da Takeda no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, o produto está destinado a população pediátrica acima de quatro anos, adolescentes e adultos de até 60 anos de idade. O imunizante estará disponível para administração subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.
De acordo com a médica infectologista Dra. Carolina Evo a vacina Qdenga se baseia no sorotipo 2 do vírus atenuado da dengue, que é quando o vírus permanece vivo, mas enfraquecido, sem a capacidade de causar doença.
A doutora afirma que a principal vantagem dessa vacina em relação ao imunizante já existente é que ela pode ser aplicada em qualquer pessoa. “É um imunizante bastante seguro e eficaz para essa faixa etária que foi aprovado”, afirma.
Segundo Carolina, a fabricante da vacina, as análises mostram que ao longo do seguimento de quatro anos e meio, a vacina evitou 84% dos casos de hospitalização de dengue e 61% dos casos de dengue sintomática na população total do estudo realizado pela Takeda pharma Ltda.
Eficácia
A Dra. Vivian Kiran Lee, diretora executiva de medical affairs da Takeda no Brasil, afirma que “a aprovação de uma vacina segura e eficaz que não exija testes sanguíneos pré-vacinação é importante para ajudar a reduzir barreiras potencialmente críticas ao acesso e à administração da vacina em larga escala para a população brasileira.”
Durante a análise técnica feita pela Anvisa, em janeiro deste ano, foi realizado um painel para a discussão de alguns pontos do processo de registro com especialistas do país sobre a doença. Em seguida, os especialistas apresentaram um parecer opinativo sobre a vacina e sobre as condições de uso requeridas pela empresa, com o objetivo de subsidiar a análise realizada pelos técnicos da Agência.
A permissão do registro pela Anvisa autoriza a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. A vacina Qdenga, contudo, segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa. De acordo com o Ministério da Saúde, a eficácia contra a dengue para os indivíduos que nunca tiveram o vírus foi de 66,2%. Já para os indivíduos que tiveram infecção anterior pelo vírus foi de 76,1%.
A Agência Sanitária Europeia, European Medicines Agency (EMA) realizou uma avaliação da vacina Qdenga e o resultado foi uma recomendação positiva do programa “Eu Medicines For All”, um mecanismo que permite a avaliação de medicamentos que serão utilizados em países de baixa e média renda fora da União Europeia (UE). Sua comercialização foi aprovada na UE no final de 2022.
Diagnóstico
O estudante de jornalismo Caio Ferreira conta que adquiriu o vírus depois de um surto em sua cidade. “Estava tendo um surto por aqui, e onde trabalho tem muita água parada e desconfiei. Fui ao médico e ele me confirmou”, afirma.
Os primeiros sintomas como dor no corpo, dificuldade em ficar de pé ou sentado e dores nos olhos, foram alguns sinais que fizeram com que Ferreira procurasse um hospital. “É uma doença que te deixa muito fraco e indisposto”, pontua.
Após sentir os efeitos da doença no seu cotidiano, Ferreira acredita que a nova vacina contra a dengue o ajudaria muito. “Tomaria a vacina sem pensar duas vezes”, ressalta. Além do estudante, milhares de pessoas contraíram a doença. Segundo a médica infectologista, Carolina só no ano de 2022 foram mais de 1,5 milhão de casos da doença.
Prevenção e Tratamento
Segundo o Ministério da Saúde a melhor forma de evitar a proliferação da dengue é e eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como: vasos de plantas, galões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos.
O ministério ainda alerta que o vírus da dengue pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo urbano humano–vetor–humano. Os relatos de transmissão por via vertical que é a da forma de mãe para filho durante a gestação e por transfusão de sangue, que os casos são raros.