O reajuste máximo ultrapassa a inflação do ano passado.
Camylla Silva
O aumento de 10,89% no preço dos medicamentos, que já tinha sido antecipado pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), foi autorizado pelo Governo Federal na sexta-feira, 1º de abril. A deliberação se tornou oficial após a assinatura de Romilson de Almeida Volotão, secretário executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
O sindicato, que detém mais de 95% do mercado de medicamentos do país, também diz que nos últimos anos, o reajuste dos remédios ficou abaixo do limite autorizado pelo governo e pela inflação. Mas com o acúmulo dos preços de 2020 e 2021, os remédios subiram 3,75%, contra um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 15,03% no período. “No mesmo biênio, os alimentos subiram 23,15% e os transportes, 22,28%, de desconto com o IBGE, ou seja, quase 6 vezes mais do que os medicamentos”, diz o sindicato em nota.
O reajuste máximo deste ano ficou acima da inflação do ano passado, que foi 10,06% do IPCA. Na resolução publicada pelo Diário Oficial, a alegação para justificar o aumento do reajuste é a inflação que foi acumulada em um percentual de 10,54% segundo o Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o professor de Microeconomia Pedro Costa, os medicamentos são produtos essenciais ao consumidor tanto pelo lado da demanda, como pelo fato de que as empresas que estão nesse mercado em geral são poucas. Dado o volume de investimento necessário, os medicamentos acabam sendo um produto com preço regulado.
O Sindusfarma ressalta que o reajuste dos preços não é automático nem imediato, devido a grande concorrência entre o mercado do setor que regula os preços. Em esclarecimento, o sindicato diz que: “Medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma classe terapêutica (doença), são oferecidos no país por vários fabricantes e em milhares de pontos de venda”.
“A melhor forma do consumidor conseguir um valor mais acessível, é fazer a pesquisa de preço em mais de um estabelecimento”, recomenda Pedro Costa. “Esse reajuste é uma referência, não quer dizer que todos os laboratórios e estabelecimentos vão praticá-lo”, completa.
O microeconomista indica o relatório Focus do Banco do Brasil para o acompanhamento das atualizações previstas do mercado de vários indicadores da economia.