Doenças como o câncer e a covid-19 podem sofrer influência da vacina contra tuberculose.
Maria Fernanda de Chire
A vacina BCG foi criada em 1921 por Leon Calmette e Alphonse Guérin Amette. O imunizante protege contra doenças graves como meningite, tuberculose e tuberculose miliar. Ela deve ser aplicada a partir do nascimento até os 4 anos de idade. Essa vacina é feita por meio de partes inativas da bactéria, de maneira que estimula a imunidade, criando anticorpos. É conhecida por alguns pela cicatriz característica no braço.
A tuberculose, principal doença que pode ser protegida por essa vacina, é uma enfermidade grave causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis, que afeta os pulmões, ossos, rins e meninges. Alguns dos principais sintomas são tosse, acompanhada de expectoração de sangue e falta de ar. Também pode ser assintomática, ainda assim os contaminados podem transmitir a doença.
A BCG contra o câncer
Desde o século 19, o tratamento do câncer já era feito com algo semelhante à vacina BCG. Os primeiros resultados das micobactérias foram visíveis no século 20. Posteriormente, quando feito esse descobrimento, a BCG era aplicada diretamente na bexiga para pacientes com câncer.
Além das doenças infecciosas, os efeitos da BCG também podem ser notados em outras prevenções. Isso porque, a vacina ativa as células do sistema imunológico da bexiga para que o melanoma seja destruído, dando um efeito positivo nos pacientes. Para destruir as células cancerígenas, o sistema imunológico tem muitas armas que são efetivas contra as bactérias que entram nas células.
A American Cancer Society diz que a terapia com BCG é a imunoterapia intravesical mais comum para o tratamento do câncer de bexiga em estágio inicial. Ainda segundo a organização, é comum ter sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dores, calafrios e fadiga, que podem durar de 2 a 3 dias após o tratamento. Também é comum que cause sensação de queimação na bexiga, necessidade de urinar com frequência e até sangue na urina.
A BCG protege contra a covid-19?
Os cientistas acreditam que a vacina BCG poderia ser de ajuda no avanço e desenvolvimento das vacinas contra a covid-19 por ter um efeito de imunidade. O doutor Rafael Bobadilla explica que “devido ao efeito que a vacina tem sobre as células T do corpo, a produção de interferon gamma (INF-Y) e a proliferação de linfócitos são de suma importância para ajudar a resolver as infecções e proteger contra a reinfecção, proporcionando uma imunidade duradoura”.
Ainda assim, a variação de proteção que oferece a vacina BCG tem efeito de proteção não comprovado. Devido a isso, a exposição a outros micro-organismos da mesma família podem fazer com que o sistema imunológico funcione de forma errada. A diferença genética também pode gerar reações menos eficientes à vacina. A Organização Mundial da Saúde aponta que os avanços da vacina continuam em estudo e, embora possa combater muitas doenças, deve ser supervisionada por profissionais da área.