Vale-refeição acaba em 11 dias para brasileiros

In Economia, Geral

Queda no poder de compra leva o trabalhador a consumir refeições mais em conta ou a usar parte do salário para suprir os gastos, mostra levantamento.

Gabrielle Ramos Venceslau 

O saldo do vale-refeição dos trabalhadores brasileiros dura cerca de 11 dias no país, já em 2022, este mesmo valor tinha duração de 13 dias,  segundo um levantamento realizado pela Sodexo Benefícios e Incentivos. Ainda de acordo com a empresa, a inflação e a alta nos juros são os grandes responsáveis pela diminuição do poder de compra, o que ocasiona um maior consumo de refeições com menos qualidade.

Este benefício consiste na liberação de um valor para que o funcionário pague as suas refeições durante a jornada de trabalho. Entretanto, não é obrigatório de acordo com a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Por isso, muitas empresas o utilizam como forma de atrair os trabalhadores para os processos seletivos. Neste caso, a disponibilidade do ticket alimentação se torna obrigatório mediante a previsão em contrato, convenção ou acordo coletivo da categoria. 

A pesquisa considerou o valor médio pago por um trabalhador para alimentação no quilo como sendo de R$40,64. Dado que foi referenciado pelo último balanço divulgado pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). Além disso, também mostra variação de 11 a 12 dias de duração do benefício a depender do recorte regional. 

Por que o valor da alimentação é tão caro?

Antes da pandemia, o vale-alimentação durava por mais dias, como afirma a pesquisa. Essa mudança ocorreu porque o setor alimentício teve problemas na produção dos alimentos por falta de insumos. “A quantidade produzida reduziu e as pessoas continuaram demandando. Isso faz com que o preço se eleve”, explica a economista Marilliane Camarão. 

Além disso, apesar do valor do saldo dos vales ter sofrido reajuste, este não foi suficiente para cobrir a alta nos preços das refeições. “Se o aumento no preço dos alimentos foi muito maior do que o reajuste oferecido, com certeza o trabalhador perdeu o poder de compra”, explica o professor universitário e consultor em finanças pessoais João Monteiro.

O reajuste dos vales é feito em função do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Contudo, esse índice é uma média dos preços, ou seja, não reflete o aumento de tudo. Pois pode cobrir o aumento do preço de alguns alimentos e de outros não. O IPCA ficou em 0,69% em março deste ano. Em fevereiro, o aumento tinha sido de 0,76%, segundo dados do IBGE. 

“O impacto de ter que pagar a alimentação é tirar parte do salário. Isso faz com que sobre menos dinheiro para outras despesas”, explica Mariliane. A fim de amenizar esse efeito, o mesmo levantamento mostra que as empresas aumentaram o valor do benefício entre 2022 e 2023 em cerca de 15%. 

Impacto nas finanças 

O vale cedido ao trabalhador o ajuda a reduzir seu gasto financeiro com alimentação. “Para o colaborador, uma empresa que paga VR [vale-refeição] ou VA [vale-alimentação] é uma sorte, principalmente com o aumento de preço nos mercados”, explica Stefane Santos, assistente de Departamento Pessoal. 

A depender da realidade, esse benefício é suficiente para todo o mês. Este é o caso de Hallynny Henrique, que trabalha no setor bancário de forma remota em Natal, Rio Grande do Norte. “Me sinto satisfeita com o valor que recebo, atualmente, ele supre as necessidades de um casal sem filhos”, comenta.

Contudo, a quantia dos vales que ela recebe só é suficiente pois seu contrato é de uma empresa de São Paulo, desta forma, Hallynny recebe um valor equivalente a uma refeição ou alimentação mensal de São Paulo, mas mora em Natal, onde o custo é menor. “Com o valor do vale refeição sendo utilizado nos dias úteis para essa refeição em específico, diminui o valor gasto com a alimentação”, explica. 

É por isso que as empresas que cedem esses benefícios possuem mais destaque ao oferecerem uma vaga de emprego. “Quanto maior o benefício, maior a atração das pessoas (pela empresa). Disponibilizar o benefício ao funcionário faz com que ele se sinta acolhido pela empresa, facilitando a retenção de talentos”, afirma Stefane.

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