Anvisa suspende o comércio de emagrecedor clandestino

In Saúde

As substâncias eram comercializadas pela internet. Profissionais de saúde alertam para os riscos da ingestão sem orientação médica

Fernanda Silva

Como sugerem os anúncios na internet, alguns cliques são o suficiente para ter acesso a milhares de medicamentos que prometem emagrecimento instantâneo. Um desses emagrecedores, produzido pela Natura Leve teve a venda e o uso proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),no início do mês de fevereiro. Os Phytoemagry, Natu Diet e Natural Dieta eram comercializados de forma clandestina pela internet.

A farmacêutica e coach com especialização em emagrecimento, Vanderleia Boing, acredita no uso de fármacos na fase inicial do processo de perda de peso, e destaca a importância do apoio emocional para que haja êxito. Ela esclarece que quando a pessoa busca apoio na substância emagrecedora, está com baixa autoestima. “Ela está se sentindo fraco ou impotente para buscar sozinha a sua meta de peso ideal”, completa. Entretanto, ressalta que os medicamentos não devem ser o segredo do emagrecimento, e sim a mudança de comportamento. A profissional defende a importância de se fazer uma analise interior a fim de se entender quais hábitos precisam ser melhorados. “Assim sendo, o medicamento será apenas um apoiador na busca pelo seu peso ideal” avalia.

Na busca por perda de peso, a autônoma, Amélia Costa, já fez o uso de medicamento por diversas vezes, mas não se diz satisfeita com os resultados e por isso, não recomenda. “Já usei medicamentos, o resultado foi ótimo no momento, mas depois engordei exatamente o dobro”, conta. Na opinião dela, a mídia acaba influenciando através de propagandas. Já a educadora física, Suzi Germani, perdeu 15 kg nos últimos meses sem usar medicamentos. Segundo ela, o segredo para perder peso de forma saudável e permanente é a mudança do estilo de vida. “Por que não fazer do alimento o seu remédio?”, sugere.

O médico Alan Niemies alerta sobre quando o uso de medicamentos é adequado. Segundo ele, os emagrecedores são inibidores de apetite e auxiliam no tratamento da obesidade causada pelo consumo em excesso de calorias, “desde que estejam associados a um programa de dieta e exercícios físicos adequados”, completa. Além disso, Niemes destaca alguns riscos do uso destes inibidores sem a prescrição médica. Algumas substâncias podem causar doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Segundo ele, isso se dá por conta da elevação da frequência cardíaca e pressão arterial causados pelos medicamentos. O médico ainda orienta que o uso do medicamento por mais de dois anos não é recomendado.

De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), o tratamento medicamentoso é indicado apenas:

  1. Para pessoas com IMC igual ou superior a 30 kg/m² ou 25 kg/m² que já apresentem doenças decorrentes da obesidade (como doenças cardiovasculares e artrose de joelho e/ou quadril);
  2. Quando houve falha do tratamento não-medicamentoso.

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