Oportunidades além da fronteira

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A experiência de estudar em outro país sob a opinião de quem já participou

Kawanna Cordeiro

 Dominar outro idioma praticamente se incorporou ao currículo pleno. Uma opção que se tornou muito popular na última década foi o intercâmbio. Passar uma temporada no exterior, estudando e trabalhando, além de incluir o aprendizado de outra língua, oferece inúmeras vantagens.

“Além da imersão agilizar o processo de aprendizagem de um segundo idioma, o intercâmbio proporciona experiência internacional, bagagem cultural, autoconhecimento e independência”, ressalta a agência CI Intercâmbios. Fazer um intercâmbio hoje é mais simples e acessível. Em 2012, 175 mil brasileiros – dos quais a maioria pertence à faixa etária dos 18 aos 30 anos – passaram pela experiência de estudar no exterior.

High school, au pair, trabalho + estudo, estudo + viagens, trabalho voluntário, estágio/trainee e curso de idioma são algumas das opções que existem hoje. O estudante Neander Santos passou sete meses em Limerick, na Irlanda. Trabalhava e estudava inglês e revela o quanto a experiência foi importante para sua vida: “Melhor parte? É quando você percebe o desenvolvimento das coisas. Quando escuta sua música favorita e percebe que já consegue entender o que falam”, confessa.

As diferenças culturais encontradas no início podem ser difíceis, mas com o tempo tudo se ajeita. O estudante comenta que o respeito que os irlandeses têm pela história, pelo passado, é muito grande, e que isso o marcou. “Na Irlanda, gaélico é um idioma que todos os jovens estão aprendendo a falar. É como se nós começássemos a falar guarani”, explica. Outra coisa inusitada que ele precisou aprender: o trânsito. “Bicicletas andam no mesmo sentindo de carros. Na pista mesmo, não na calçada e nem na contramão, e usando luzinhas, capacetes e coletes refletores”, comenta.

Questão de adaptação

O Instituto de Línguas, escola de idiomas associada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho, oferece intercâmbios tanto para o ensino médio quanto o superior. Para ambos os programas, os alunos ficam em sistema de internato, morando dentro da própria escola. São cerca de dez opções de escolas fora do país. “Eles ainda podem fazer matérias lá e validá-las aqui no Brasil, como se estudassem o semestre a distância”, ressalta a Beatriz Magalhães, responsável pelo programa.

A estudante Thamires Mattos participou de um desses programas. Enquanto se graduava em Jornalismo, ela estudou um semestre na Andrews University, localizada em Berrien Springs, Michigan, nos Estados Unidos. “Meu maior medo era não fazer novos amigos porque o grupo de brasileiros, que eu estava, todos foram estudar inglês. Só eu estava fazendo matérias da faculdade”, aponta.

A adaptação é comentada pelos dois intercambistas como uma dificuldade. Thamires ressalta que sentia muita dor de cabeça por ter que pensar muito em outro idioma, diferente do idioma materno. Apesar de estar em países diferentes, ambos enfrentaram as dificuldades do cardápio. “Batatas serão presentes em todas as refeições e o arroz deles não leva alho e sal”, relembra Neander. “A gente pensa que é muito legal ficar comendo besteira, mas quando tem que comer isso todo dia, por que é a única coisa que tem, você chega a ter náuseas”, relembra Thamires.

Todavia, apesar de tudo, eles lembram dos meses longe com saudade. Os amigos deixados, a experiência, e viver uma cultura totalmente diferente da sua, foi marcante para ambos. “Meu conselho: saia da zona de conforto e se jogue; mas se jogue consciente. Se há a possibilidade de ir, planeje bem antes. Aproveite o máximo que puder”, aconselha Neander.

“Minha dica é: procure na internet como é a tomada do país que você está indo, e leve seu adaptador, porque nem sempre as tomadas são redondas, tais quais no Brasil”, recomenda Thamires, entre risos.

Crédito da foto: Weslley Fonseca

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