Influencers body positive ajudam a evitar transtornos alimentares

In Geral, Saúde

O aumento de conteúdos anti-gordofóbicos auxilia na aceitação do corpo, principalmente entre jovens

Helena Cardoso

Imagine-se de frente para o espelho, em seguida, abra uma rede social de fotos, de preferência o Instagram. Agora, se olhe no espelho novamente. O que você vê? Certamente, alguém cuja linha corporal ou traços de afeições não se encaixam com o padrão utópico da internet. A partir desse gatilho e o avanço das discussões de pautas como a gordofobia nas plataformas digitais, criadores de conteúdo body positive (positividade corporal em tradução livre) têm ajudado jovens a se entenderem com seu corpo, contribuindo para evitar transtornos alimentares entre este público. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% dos jovens brasileiros sofrem de distúrbios alimentares, e a taxa de mortalidade entre os diagnosticados com anorexia nervosa é de 20%. 

Apoio de especialistas

Rafael Marques, nutricionista que lida com  pessoas que sofrem de transtornos alimentares, conta que esses distúrbios surgem em decorrência do medo extremo de engordar, o que desencadeia  a pressão estética. Segundo Marques, as pessoas tendem a relacionar a pessoa gorda a alguém doente, mas que não é isso que se vê no consultório. “A pressão sobre pessoas que não estão dentro de um padrão é o que pode adoecê-las”, frisa.

Quando se trata de transtornos alimentares, o nutricionista não trabalha sozinho, mas em conjunto com psicólogo e psiquiatra. A psicóloga Rebeca Constantino diz que seu papel é trabalhar a auto aceitação da imagem e entender todos os aspectos comportamentais que levam a pessoa a possuir esses transtornos. Ela ainda acrescenta que vê o movimento body positive como uma pauta de suma  importância, visto que estimular uma visão positiva sobre o próprio corpo pode servir como modo de prevenção. Rebeca também enfatiza: “a partir do momento que a pessoa já possui esses transtornos, ela deve buscar tratamento”.

Redes sociais

A criadora de conteúdo digital Ana Paula Onselen, adepta aos movimentos body positive e anti-gordofobia, diz que trabalha com o Instagram para ajudar mulheres gordas a se sentirem bonitas do jeito que são. Ela começou seu trabalho ao perceber que não via corpos como o seu sendo representados. Sobre a relação entre os transtornos e o body positive, ela acrescenta: “você pode querer emagrecer, mas, ao se entender com o próprio corpo e perceber que não é um problema ser uma pessoa gorda, você passa a fazer as coisas com cautela e responsabilidade para chegar ao seu objetivo.” Também criadora de conteúdo, Raquel Brandão conta que, durante sua adolescência, pautas como essas não eram discutidas. Para ela, o acesso a esses conteúdos pelos jovens atuais pode facilitar e acelerar seu processo de amor próprio e auto aceitação.

As duas influencers compartilharam casos de mensagens de apoio e agradecimento que receberam. Raquel comentou que uma foto de biquíni, para uma adolescente que a acompanha e enfrenta problemas com seu corpo, pode significar muito. Já Ana Paula acrescenta que receber ataques apenas por ser você é algo extremamente cruel, e que trazer esses debates contribui para uma sociedade mais justa para todos.

You may also read!

INCA prevê alta nos casos de câncer de próstata em 2025

Campanha do Novembro Azul reforça a necessidade do diagnóstico precoce no combate ao câncer de próstata. Gabrielle Ramos O

Read More...

Pausa do mundo online é necessária para manter o equilíbrio emocional

Em um mundo cada vez mais digital, a busca por equilíbrio mental e físico se torna necessária para fugir

Read More...

Fora das quadras: o que atletas fazem após se aposentar?

Como atletas de alto rendimento mudam a rotina – e a profissão – ao deixarem as competições. Helena Cardoso

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu