A vacina contra o HPV protege contra o câncer de colo de útero e ajuda a prevenir câncer de vulva, vagina e boca.
Lana Bianchessi
Segundo estudo da Fundação do Câncer, apenas 57% das meninas brasileiras com idade entre 9 e 14 anos tomaram as duas doses de vacina contra o HPV. O percentual está bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 90% de imunização do público alvo até 2030.
A vacina contra o HPV protege meninas e mulheres contra o câncer de colo de útero e é eficiente em 95% dos casos da doença. A imunização também ajuda a prevenir o câncer de vulva, vagina e boca. Para os meninos e homens, a vacina evita câncer de boca, de orofaringe (câncer de garganta), câncer de boca, de ânus, entre outros.
Casos nas regiões do Brasil
A primeira dose foi aplicada em 76% das meninas nessa faixa etária e a segunda dose varia entre 50% a 62%. De acordo com o levantamento, as taxas de aplicação das doses da vacina variam em cada região.
No Sul, por exemplo, existe o maior percentual de vacinação com a primeira dose, de 87,8%. Mas, é a região que possui o maior índice de não comparecimento para a segunda dose, com 25,8% entre as meninas e 20,8% entre os meninos. A média nacional de absenteísmo é de 18,4% para meninas e 15,7% para meninos.
Agora, a região Norte é a que possui a menor cobertura vacinal para as duas doses, 50,2% das meninas e 28,1% entre os meninos. Entre as regiões brasileiras, foi a que apresentou as maiores taxas de incidência de câncer de colo do útero, sendo 20,5 por 100 mil mulheres e mortalidade 9,6 por 100 mil mulheres.
Vírus HPV
O papilomavírus humano (human papiloma virus, em inglês) é o vírus responsável pela infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo. No Brasil, são 700 mil novas infecções por ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70 a 80% da população sexualmente ativa mundial já foi contaminada por alguma variante desse vírus.
A infecção por HPV é assintomática, na maioria das vezes, e o corpo naturalmente se livra do vírus. Mas sua persistência silenciosa no organismo pode provocar verrugas genitais e diversos tipos de câncer em homens e mulheres. Uma das principais formas de prevenção da infecção e dos efeitos negativos do HPV é pela vacinação.
A vacina
A vacina contra o HPV está disponível no SUS para todas as meninas entre 9 a 14 anos e para os meninos entre 11 e 14 anos. Mulheres e homens até os 45 anos que são transplantados, portadores de HIV e pacientes oncológicos também podem receber a imunização.
A ginecologista Alyssa Françoso explica que a vacina previne o câncer de colo do útero, um câncer com muita prevalência no Brasil. “Existe a vacina quadrivalente, que previne 4 tipos de vírus HPV, os tipos 6,11,16 e 18. O que causa o câncer são os tipos 16 e 18. A nonavalente hoje é a vacina mais completa que chegou a um mês aqui no Brasil. Então, vacinar contra o HPV é uma vantagem e uma proteção para a mulher”, ressalta.
Ela ainda ensina que as doses não prejudicam o indivíduo. “Acima de 14 anos a recomendação da OMS é que todas as mulheres vacinem até os 45 anos e três doses da vacina, antes dos 14 anos a recomendação é somente duas doses. Essa vacinação precoce tem uma prevenção em torno de 90% do câncer”, comenta Alyssa.
A estudante Rebeca Moledo Vianna, conta que tomou as duas doses antes dos 14 anos. “Não faz sentido tomar uma e não tomar a outra, se existem duas doses é porque a eficácia se faz com as duas, e não somente com uma”, expressa.
“Dose dada não é dose perdida, você pode tomar a qualquer momento até completar o esquema vacinal completo”, comenta a ginecologista.
Nova vacina contra o HPV
Recentemente, uma nova vacina contra o HPV chegou ao Brasil. Chamado Gardasil 9, o imunizante foi desenvolvido pela farmacêutica MSD e protege contra nove subtipos do vírus, cinco a mais que a vacina que estava disponível no país até então. Isso eleva a proteção em cerca de 20%.
A vacina nonavalente está disponível em clínicas privadas. No Sistema Único de Saúde, há somente a vacina quadrivalente, mas ela ainda conta com uma grande eficácia para o combate e a prevenção do câncer de colo do útero.
“É importante se vacinar, acho que todas as mães deveriam vacinar suas filhas. A gente tem no SUS a vacina quadrivalente e recomendo que todas recebam”, aconselha a ginecologista.