Notícias falsas divulgadas em plataformas como o Telegram, são principal meio de “campanha” nas eleições de 2022.
Milla Katherinne
No Brasil, o Dia da Mentira tradicionalmente apresenta algumas “pegadinhas”, e pequenas mentiras que não devem passar de brincadeira. No entanto, alguns políticos do país têm levado a data muito mais a sério. Campanhas eleitorais, baseadas em fake news, confundem eleitores e trazem prejuízos para o processo decisório do voto.
Recentemente, a plataforma Telegram, que hoje é uma das principais redes de transmissão de informações no Brasil, recebeu uma ordem de bloqueio, por parte do STF, sob alegação de que o aplicativo favorecia a disseminação de informações falsas no âmbito político, impedindo o cumprimento da democracia no país. No dia 20 de março o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidiu revogar a ordem de bloqueio, diante do cumprimento de uma série de exigências feitas pelo Tribunal.
A relação do período eleitoral com a mentira
As fake news têm grande poder de persuasão e seu objetivo é deslegitimar pessoas. Com o avanço da era digital e das mídias sociais, “quem não cultiva o hábito de questionar, acaba como refém”, afirma o sociólogo Alex Fonte. Ele ainda acrescenta que as fake news sempre existiram em nossa sociedade e estão presentes na política e também no dia-a-dia do brasileiro. Notícias como estas, se tornam virais e acabam chegando facilmente à população mais pobre e menos escolarizada.
O trabalho de jornalistas sérios têm sido ameaçado, por precisarem estar sempre atentos às manipulações de informações, que podem ser usadas até mesmo para favorecer candidatos políticos, “além de comprometer a credibilidade do jornalista, levanta afirmações falsas que qualquer pessoa pode receber, e aceitar como verdade”, afirma a jornalista baiana, Ethiene Peixoto.
Em congruência com o que nos conta Ethiene, a psicóloga Milene Alves, afirma que existe uma relação psíquica do ser humano com a mentira, que surge através de uma espécie de “convenção social”. Tal convenção, se encontra diretamente ligada ao “efeito manada”, nome usado pela psicologia para descrever o comportamento de pessoas que agem como as outras, mesmo sem saber o porquê. Por acreditarem na facilidade em manipular as pessoas, políticos têm se utilizado destas ferramentas.
É possível combater fake news?
Para Ethiene, no caso do Telegram, diante das medidas exigidas pelo STF, “as pessoas precisam entender que a legislação do país precisa ser cumprida”. Ela exemplifica que num contexto baiano (onde reside e trabalha atualmente), o TRE irá receber o diretor do aplicativo WhatsApp para assinar um termo de cooperação no combate às fake news durante o período eleitoral.
A jornalista conclui que o combate às fake news deve ser feito diariamente por parte de jornalistas comprometidos e precisa ser um trabalho realizado juntamente com a população. Ocorre que muitas pessoas não checam a veracidade das informações, tendo grande parcela de culpa na divulgação de notícias fraudulentas. Portanto, cabe ao jornalista garantir que as notícias verdadeiras cheguem a todos, sem “pegadinhas” e que as mentiras fiquem apenas no dia 1º de abril, ou nem neste dia.