O preço do sonho incontrolável pelo corpo “ideal”

In Geral, Saúde

Segundo especialistas, na busca incansável por um padrão irreal, os indivíduos encontram novas dificuldades.

Ana Júlia Alem

Para pessoas que desejam alcançar um padrão de beleza imposto pela sociedade, perder peso rapidamente pode parecer uma opção atrativa. Um estudo realizado pelo Bake and Cake Gourmet, aponta que 60% dos brasileiros entrevistados estão em busca ou já adotaram dietas restritivas que façam “mágica”.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional de São Paulo publicou uma pesquisa que mostra que 95% das pessoas que praticam dietas restritivas não conseguem manter o regime, e na maioria das vezes, emagrecem, mas recuperam o peso. Apenas 5% dos entrevistados conseguem se manter firmes nas dietas. Porém, é possível que, por conta desse desejo incontrolável de emagrecer, eles desenvolvam algumas consequências, como transtornos alimentares.

Segundo a nutricionista Beatriz Ramos, além dos problemas de saúde, as dietas restritivas podem causar o tão temido “efeito sanfona”. Quando um hábito alimentar é alterado de repente, o organismo entende que há algo de errado acontecendo e desacelera o metabolismo. Assim, quando a dieta restritiva termina, o indivíduo volta a se alimentar normalmente. “Desta vez, o corpo entende que precisa economizar energia, aumentando o tecido adiposo”, explica Beatriz.

O preço por trás das dietas restritivas

Para a nutricionista, a cultura da magreza faz com que muitas pessoas se sujeitem a realizar dietas restritivas para rapidamente alcançar um padrão de beleza imposto. Porém, ela diz que, para emagrecer de forma saudável, não se deve apenas procurar dietas “mágicas” na internet, mas sim buscar um médico de confiança. Assim, o indivíduo emagrece da forma correta e sem trazer danos à sua própria saúde.

“Muitos pensam que esses métodos ocasionam a perda de peso, mas na verdade, elas fazem com que a pessoa perca massa muscular e não a gordura localizada”, explica Beatriz. Então, além de não ser saudável, essas dietas são pobres em nutrientes, como carboidratos e proteínas, podendo causar o desenvolvimento de doenças como gastrite, anemias e transtornos alimentares.

Um dos regimes mais conhecidos e utilizados é a dieta da proteína, que restringe drasticamente o consumo de carboidratos, podendo se alimentar apenas de proteínas e gorduras, como leite e ovos. “Essa dieta, por exemplo, é muito controversa. Por ter pouca quantidade de fibras, pode causar constipação intestinal, dores de cabeça e aumento no nível de colesterol, pela grande quantidade de gordura ingerida. Para quem tem problemas renais, ela é ainda mais perigosa, pois a quantidade de proteína pode sobrecarregar os rins”, diz a nutricionista.

Outra dieta que é mais perigosa que milagrosa é a dieta do vinagre. Ela consiste em acrescentar, por dia, até seis colheres de vinagre diluído com água em suas refeições. Segundo a nutricionista, o excesso dessa substância irrita o esôfago e estômago, aumentando as chances do indivíduo desenvolver gastrite, por exemplo. Além disso, ainda é capaz de corroer o esmalte dentário e diminuir o cálcio presente nos ossos.

A estudante de Pedagogia Marcela Gomes conta que durante a sua adolescência sempre teve o desejo de ter um corpo considerado padrão. Com isso, começou a testar diferentes dietas restritivas para alcançar o objetivo. “Depois de um tempo, o meu sonho de corpo ideal tinha se tornado uma obsessão. Eu já não me alimentava mais, e quando comia, mesmo que pouco, me sentia culpada”, relata.

“Quando finalmente entendi que as dietas só funcionam a curto prazo e que estava me fazendo muito mal, tanto na questão da saúde quanto na psicológica, fui buscar ajuda”, diz. Segundo ela, esse período foi muito complicado, mas com o acompanhamento de sua psicóloga e nutricionista, conseguiu tirar esse peso que carregava. Além disso, com a ajuda da nutricionista, encontrou uma forma adequada de manter seu corpo saudável.

A nova aposta de emagrecimento

Entre famosos e anônimos, a utilização de medicamentos injetáveis à base de semaglutida, usada em tratamentos para diabetes tipo 2, tem se tornado cada vez mais comum no Brasil. O fármaco promete a perda, em um ano, de até 17% da massa corporal. Segundo Beatriz, assim como as dietas, o uso desses medicamentos também podem causar o “efeito sanfona”. Além disso, podem desenvolver comportamentos compulsivos.

“Esses medicamentos, como o Ozempic e Wegovy, não são produzidos para promover o emagrecimento. Essa medicação tem uma substância análoga ao hormônio GLP-1, conhecida por semaglutida, que o intestino produz quando a pessoa ingere alimentos”, explica. Segundo a nutricionista, essa substância estimula o organismo a produzir hormônios digestivos antecipadamente, evitando que o nível de glicose se eleve.

Além disso, Beatriz explica que uma das várias funções do medicamento, é controlar o apetite e regular o nível de saciedade no cérebro humano. Ou seja, com o uso da droga, o indivíduo sente menos fome e come menos, conseguindo assim, emagrecer. “O problema é que o uso de forma inadequada possui muitas consequências”, afirma a nutricionista. Segundo ela, o uso indevido da medicação pode causar enjoos, vômitos, constipação, desidratação, problemas nos rins e pâncreas e caso a pessoa tenha problemas gastrointestinais, eles podem ser agravados.

A verdadeira beleza de um corpo

A nutricionista Juliana Leme afirma que para se sentir bem com o seu próprio corpo, é preciso pensar além da estética. Por isso, ela deixou algumas dicas de como deixar os padrões de lado e alcançar o seu corpo ideal:

  • Cuide de sua saúde não apenas para perder peso, e sim para estar saudável;
  • Cuide de sua mente;
  • Olhe para o seu corpo com carinho;
  • Não se compare!

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