Segundo a pesquisa, o consumo de açúcar à noite pode ser prejudicial aumentando a probabilidade do açúcar ser armazenado como gordura e afetando o sono.
Vefiola Shaka
Para muitas pessoas, cortar o açúcar em busca de uma dieta balanceada é um grande desafio. O consumo excessivo da sacarose tem a ver com obesidade e até mesmo com o aumento de risco de alguns tipos de cânceres. Quando mantemos a moderação, será que tem uma hora certa para desfrutar um docinho sem afetar o bem-estar?
Pois com certeza esse horário é após as refeições. Depois de uma alimentação equilibrada o corpo entra no estado de digestão e absorção de nutrientes. As proteínas, fibras e gorduras ajudam a desacelerar a absorção de açúcar, fazendo com que os níveis de glicose no sangue aumentem de forma mais suave e a insulina responda de maneira mais controlada.
A glicemia é a quantidade de açúcar no sangue (concentração de glicose), e insulina é o hormônio que fica responsável por manter o controle no sangue do açúcar ingerido através dos alimentos.
A hora certa
Em uma pesquisa feita pela professora Daniela Jakubowicz, endocrinologista da Universidade de Tel Aviv, foi revelado que consumir doces após o almoço é vantajoso, pois pode auxiliar na digestão e satisfazer desejos, sem causar grandes elevações nos níveis de açúcar no sangue. Em contrapartida, o consumo de açúcar à noite pode ser prejudicial, uma vez que o metabolismo desacelera, aumentando a probabilidade do açúcar ser armazenado como gordura e afetando o sono.
Como o açúcar afeta o metabolismo
O açúcar afeta o metabolismo de várias maneiras. Quando consumido em excesso, provoca picos de glicose no sangue, seguidos por quedas abruptas, o que pode levar a sensações de cansaço e fome. Esse efeito estimula o consumo de mais alimentos, dificultando o controle de peso.
O excesso de açúcar é armazenado como gordura no corpo, especialmente quando a ingestão calórica ultrapassa o que o corpo consegue gastar. A longo prazo, isso pode resultar em aumento de peso e acúmulo de gordura visceral, associado a doenças metabólicas.
Embora o consumo exagerado de açúcar não seja ideal em nenhum momento, seu uso moderado antes de exercícios intensos ou após refeições equilibradas pode ser menos prejudicial. Alimentos açucarados podem ser consumidos ocasionalmente em pequenas quantidades.
Consumo excessivo de açúcar
Uma dieta rica em açúcar costuma ser pobre em outros nutrientes. Segundo a nutricionista Michelle Fernandes, desequilíbrios nutricionais, combinados com sedentarismo, podem levar ao desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e obesidade.
O nutrólogo Eduardo Rennó destaca que o consumo excessivo de açúcar está associado a riscos de saúde, como aumento da resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Além disso, o açúcar pode resultar em acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Ele também está relacionado à inflamação crônica, que pode agravar outras condições de saúde. “Não podemos esquecer que o consumo exagerado de açúcar afeta negativamente a saúde bucal, aumentando o risco de cáries e doenças gengivais”, pondera.
Estratégias
A nutricionista Michelle Fernandes destaca que a primeira ação para reduzir o consumo de açúcar é equilibrar a alimentação. “Uma dieta pobre em proteínas e rica em carboidratos refinados pode aumentar o desejo por açúcar”, ressalta Michelle.
Ela enfatiza a importância de nutrir o organismo, o que facilita a diminuição desse desejo. Michelle sugere preparar alimentos que ajudem a treinar o paladar para opções mais naturais, como sucos naturais, chás, saladas de frutas e vitaminas. “O mel também é uma alternativa viável como adoçante natural”, explica.
Nutrição e performance esportiva
Vítor Emanuel Augusto Corrêa, atleta de triathlon da equipe Duarte Triathlon Team, inclui bastante arroz, saladas e muitas bananas em sua dieta. A cada mês, ele vai à nutricionista para fazer o balanceamento da dieta, ajudando na performance esportiva. Durante os treinos, que duram mais de duas horas, as bananas são essenciais para prevenir câimbras, fornecendo energia e proteína e ajudando a lidar com a dor do treino.
O atleta conta que um dos seus objetivos era perder de 20 a 25 kg, então ele teve que evitar alguns doces que dão energia durante as provas. “Durante a fase de preparação, tento evitar completamente os doces e prefiro tomar suco natural”, explica.
Eduardo recomenda que o consumo seja moderado e que se priorizem fontes naturais, como frutas, que trazem fibras e nutrientes, ajudando a controlar melhor a absorção do açúcar. É ideal evitar açúcares adicionados, como o açúcar refinado, e limitar alimentos ultraprocessados que contenham açúcares ocultos. “O foco deve ser em alimentos in natura ou minimamente processados, priorizando carboidratos de baixo índice glicêmico”, reforça.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que o açúcar adicionado representa menos de 10% das calorias diárias, e o doutor incentiva seus pacientes a manter esse percentual ainda mais baixo para promover uma saúde sustentável a longo prazo.