Assinada por dez clubes das séries A e B, nova liga ainda gera divergências por conta da distribuição de receitas.
Victor Bernardo
A criação da Liga do Futebol Brasileiro (LIBRA) foi oficializada no dia 3 deste mês, em documento assinado por oito equipes das séries A e B. Na última semana, Vasco e Botafogo se juntaram ao grupo, totalizando dez clubes favoráveis ao projeto. Apesar disso, a ideia ainda está longe de sair do papel, e não tem a aprovação de todos os clubes. Favoráveis à liga, o Flamengo e os cinco times paulistas da Série A têm a oposição do grupo Forte Futebol, liderado pelo Atlético-MG e que conta com a participação de dez clubes que se identificam como “emergentes”.
A divergência diz respeito, principalmente, à divisão dos recursos quando os contratos de TV forem assinados. A proposta da LIBRA traz uma distribuição com 40% dos valores fixos, 30% variáveis por performance esportiva e 30% por audiência. Os times do grupo Forte Futebol preferem que a divisão seja 50-25-25.
Opinião da torcida
Há, nos dois grupos, apoio da torcida à ideia da criação da liga. Victor Fernandes, torcedor do Atlético-MG, destaca a expectativa por uma melhora na qualidade do futebol brasileiro caso essa mudança se concretize. No entanto, diz concordar com a posição do seu time, pois “as receitas precisam ser melhor divididas.” Ele ressalta que também gostaria de ver seu clube cedendo a algumas exigências para garantir que a ideia saia do papel. “Para o campeonato ter reconhecimento, é preciso que todos participem e concordem”, finaliza.
A palmeirense Isabela Zifirino também é a favor da proposta, e espera um avanço em relação à competitividade com a criação de uma Liga do Brasil. “Com boas propostas de distribuição de renda, times menores podem ter a oportunidade de competir de igual para igual com grandes clubes”, completa Isabela.
Isabela também se mostra aberta à possibilidade do Palmeiras ceder a algumas das exigências do outro grupo, desde que isso “não beneficie uns mais do que outros.”
Futuro pouco promissor
O colunista especializado em futebol, Danilo Lavieri, acredita que a criação de uma liga é necessária para a melhora do futebol brasileiro. No entanto, ele se mostra pouco otimista em relação à solução das divergências econômicas. “Os times mais ricos e populares querem ser recompensados por estarem em um patamar superior aos outros”, explica. Para ele, não há, a princípio, solução para esse obstáculo.
Lavieri deixa claro que não é possível criar uma liga sem acordo entre os 40 clubes das séries A e B. Mas, caso a ideia não saia do papel, ele vê a possibilidade de os clubes favoráveis a ela se juntarem em um “bloco econômico”, negociando em conjunto direitos de transmissão e eventuais publicidades.