Gestação do coração

In Geral

Lia Costa

Conheça mais sobre o processo de adoção de acordo com a Justiça, bem como a experiência de nascer no coração de uma família

Muitas vezes o desejo de experienciar a paternidade e maternidade, repartir amor e cuidar é frustrado pela biologia. Uma pesquisa realizada por psicólogas revela que mais de 80% da motivação para o processo adotivo vem de casais inférteis. Enquanto isso, no outro lado da história, há crianças e adolescentes ansiosos por encontrar o seu lugar no mundo, onde se sentirão aceitos e amados.

Existem hoje, segundo o Senado Federal, cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do cadastro nacional de adoção. De acordo com um levantamento feito em 2013 pelo Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos, o Brasil tem 44 mil crianças abrigadas. São muitas pessoas esperando para dar e receber amor.

Fabrícia Stresse foi uma dessas meninas. A mãe dela, Dirlene Stresse, tinha dois meninos e queria uma menina, mas tinha medo de tentar uma nova gestação. “Foi a oportunidade que minha mãe queria”, revela. Ela tinha onze meses quando foi adotada pelos pais, mas só ficou sabendo aos sete anos e nunca descobriu como foi parar no lar. A pequena chorou por não ter nascido na barriga da mãe, mas entendeu que nasceu no coração e logo foi espalhar a novidade no dia seguinte. Dirlene afirma que todos adotaram a pequena. “Felicidade geral!”, declara. Ela diz não ter tido dificuldade nenhuma mesmo com algumas divergências, pois a filha sempre deu muita alegria. Para a mãe, adoção é uma atitude muito boa quando se tem oportunidade de dar amor e criar com carinho. “E tem tantas crianças precisando de um verdadeiro lar”, reflete.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, das mais de 30 mil crianças abrigadas, apenas cerca de 6 mil são aptas a serem adotadas. As demais ainda têm vínculo com a família biológica ou o processo de destituição do poder familiar está acontecendo na Justiça. O processo de adoção é bastante burocrático. O primeiro passo é ir ate uma Vara de Infância e Juventude para solicitar o pedido de documentos para o processo de adoção.

Se os pretendentes forem casados ou tiverem união estável, devem participar de todo o processo juntos.  O último passo antes da adoção efetiva é o estágio de convivência, no qual os pais visitam com frequência a criança ou adolescente. “Se você chegou nessa família de alguma maneira é porque com ela que aprenderá sobre o amor e como ser uma pessoa melhor ao longo da vida”, afirma Fabrícia.

Quanto aos pais biológicos, mesmo sem conhecê-los, é grata pela oportunidade de viver.  Fabrícia nunca sentiu curiosidade de descobrir quem são e acredita que da mesma forma que foi adotada também teve que adotar os pais. “De uma forma espiritual”, explica. Hoje ela é mãe de barriga. Segundo a mesma, formar a própria família é ter uma continuação de si. “Quando o Tacito nasceu, a sensação de olhar para alguém parecido comigo foi maravilhosa”, declara.

Apenas um em cada quatro pretendentes escolhe adotar crianças com quatro anos ou mais. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, menos de um por cento dos pretendentes aceita adotar adolescentes, ou seja, crianças acima de onze anos. E estes ocupam dois terços do total de cadastrados no Conselho Nacional de Justiça. A gestação de quem adota tem os mesmos medos, ansiedades, desejos e sonhos. A espera para ter o filho nos braços é igual. Afinal, o amor não vem da barriga. Muito pelo contrário, surge a partir da escolha de amar.

Link da imagem: https://goo.gl/hJ1Vcu

 

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